A morte do papa
Francisco coloca a Igreja Católica em um período conhecido como “Sé vacante”.
Durante esta fase, o Vaticano dá início aos preparativos para o funeral do
pontífice e para a escolha de um novo líder.
Francisco tinha 88
anos e ficou 12 anos à frente da Igreja Católica.
Com a morte do papa,
agora a Igreja passa a ter uma espécie de governo temporário. Parte dos
religiosos que compõem a cúpula do governo do Vaticano perde suas as funções, e
decisões urgentes ficam a cargo de um Colégio dos Cardeais.
Durante a Sé vacante, que
é o período em que os católicos ficam sem um papa, o camerlengo conduz os
trabalhos da Igreja e prepara a transição de governo. Ele também ajuda a
organizar o Conclave, que elegerá um novo líder. Atualmente, o cargo é ocupado
pelo cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell. Antes disso, no entanto, a Igreja
seguirá uma série de ritos, com destaque para as cerimônias fúnebres de
Francisco.
1. Como é feito o
funeral?
Após a morte do papa,
o funeral é feito seguindo a “Ordem das Exéquias do Sumo Pontífice”, que é um
livro litúrgico que determina como serão as cerimônias fúnebres do pontífice.
As normas foram aprovadas por Francisco em abril de 2024 e publicadas em
novembro do mesmo ano.
O primeiro rito é a
confirmação da morte, realizada pelo camerlengo — o cardeal responsável por
administrar a Igreja durante o período de Sé Vacante. Ele chamará o papa pelo
nome três vezes. Se não houver resposta, o óbito será oficialmente declarado. Antigamente,
esse rito era feito com o uso de um martelo de prata, com o qual o camerlengo
batia suavemente na testa do pontífice. A prática, porém, caiu em desuso.
Depois da confirmação
do óbito, o camerlengo retira o “Anel do Pescador” da mão do papa, que é
destruído com um martelo. O procedimento simboliza o fim do papado. O quarto do
papa também é fechado e selado.
O corpo do pontífice é
colocado em um caixão de madeira e levado para a Basílica de São Pedro, onde
será velado. Antes, havia uma passagem pelo Palácio Apostólico, mas essa etapa
foi eliminada pelas novas regras.
Na Basílica, o corpo
do papa será exposto diretamente no caixão, e não mais de um alto esquife — que
é uma espécie de estrado elevado. Francisco também determinou que o próprio
caixão fosse mais simples. Antigamente, o papa era colocado em três caixões, feitos
de cipreste, chumbo e carvalho. Agora, a urna terá apenas uma estrutura de
madeira revestida por zinco.
Pelas regras da
Igreja, o enterro do papa deve ocorrer entre quatro e seis dias após a morte.
Ao contrário de outros pontífices, Francisco pediu para ser sepultado na
Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, em vez da Basílica de São Pedro. Missas
serão celebradas por nove dias consecutivos, seguindo a tradição dos
“novendiales”, que é um período de luto e oração pela alma do papa.
2. Quando começa a
escolha para o novo papa?
A escolha do novo
líder da Igreja Católica começa entre 15 e 20 dias após a morte do papa.
Durante esse período, o Vaticano convoca o chamado Colégio dos Cardeais, com
religiosos do mundo inteiro. Atualmente, 252 cardeais integram esse grupo,
incluindo oito brasileiros. E, desse grupo, 138 cardeais com menos de 80 anos
estão aptos a participar da eleição do novo papa, sendo sete brasileiros.
Antes do início da
votação para eleger um novo papa, chamada de Conclave, o Colégio dos Cardeais
participa de reuniões chamadas “Congregações Gerais”. Nesses encontros, os
religiosos votam para decidir questões governamentais da Igreja. As
congregações ocorrem diariamente e começam antes mesmo do fim dos
“novendiales”, período de nove dias de missas em memória do papa falecido.
Uma das primeiras
decisões tomadas nesses encontros é o estabelecimento do dia, da hora e do modo
como o corpo do papa será levado para a Basílica de São Pedro para ser exposto
aos fiéis. Os cardeais também organizam os detalhes do Conclave e auxiliam na
preparação dos ambientes de votação e dos aposentos para acomodar os
religiosos, além de definir a data para o início da eleição.
3. Quem governa a
Igreja neste período?
Após a morte do papa,
o governo fica confiado ao camerlengo, que é responsável pela administração dos
bens e do Tesouro do Vaticano. Atualmente, o cargo é ocupado pelo cardeal
irlandês Kevin Joseph Farrell.
Entre as funções do
camerlengo está a organização da transição durante a Sé Vacante, o período em
que a Igreja Católica fica sem um pontífice. Ele também é responsável por
atestar a morte do papa e assumirá temporariamente o Palácio Apostólico,
residência oficial do papa. Enquanto o camerlengo mantém a autoridade
administrativa, cabe ao Colégio dos Cardeais discutir assuntos comuns ou
inadiáveis da Igreja.
O Colégio dos Cardeais
fica impedido de fazer mudanças profundas na estrutura da Igreja Católica, como
a alteração ou correção de leis determinadas pelos papas. Além disso, quando o
papa morre, quase todos os religiosos que ocupam cargos na cúpula do Vaticano
deixam suas funções, como o Cardeal Secretário de Estado e os responsáveis
pelos departamentos do governo, chamados de Dicastérios da Cúria Romana.
4. Como funciona o
Conclave?
A palavra “conclave”
vem do latim cum clavis e significa “fechado à chave”. É por meio dele que a
Igreja Católica elege o novo papa.
Durante os dias de
eleição, cardeais do mundo todo ficam fechados dentro do Vaticano, em uma área
conhecida como “zona de Conclave”. Eles também fazem um juramento de segredo
absoluto sobre o processo.
Atualmente, 138
cardeais com menos de 80 anos estão aptos a participar da eleição, sendo sete
brasileiros. Veja a seguir:
Sérgio da Rocha,
Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador, 65 anos.
Jaime Spengler,
presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre, 64 anos.
Odilo Scherer,
arcebispo de São Paulo, 75 anos.
Orani Tempesta,
arcebispo do Rio de Janeiro, 74 anos.
Paulo Cezar Costa,
arcebispo de Brasília, 57 anos.
João Braz de Aviz,
arcebispo emérito de Brasília, 77 anos.
Leonardo Ulrich
Steiner, arcebispo de Manaus, 74 anos.
Todos os cardeais que
participam da eleição ficam impedidos de utilizar qualquer meio de comunicação
com o exterior. Ou seja, eles não podem usar telefones, ler jornais ou
conversar com pessoas de fora do Vaticano. Essas medidas foram adotadas para
evitar que a votação seja influenciada.
As votações acontecem
dentro da famosa Capela Sistina. Para ser eleito, um cardeal precisa receber
dois terços dos votos que — são secretos e queimados após a contagem. Ao todo,
até quatro votações podem ser realizadas diariamente, sendo duas pela manhã e
duas à tarde. Se, depois do terceiro dia de conclave, a Igreja continuar sem
papa, uma pausa de 24 horas é feita para orações. Outra pausa pode ser
convocada após mais sete votações sem um eleito.
Caso haja 34 votações
sem consenso, os dois mais votados da última rodada disputarão uma espécie de
“segundo turno”. Ainda assim, será necessário atingir dois terços dos votos
para que um deles seja eleito. Quando um cardeal é eleito, a Igreja questiona
se ele aceita o cargo de papa. Se ele concordar, o religioso também precisa
escolher um nome. Em seguida, ele é levado para um ambiente conhecido como
“Sala das Lágrimas”, onde veste as vestes papais.
Por fim, o novo papa é
anunciado à multidão que aguarda na Praça de São Pedro. O pontífice é
apresentado diretamente da sacada da Basílica, onde é proclamada a famosa frase
“Habemus Papam” (“Temos um Papa”).
5. Quais os
significados das fumaças?
Uma maneira
tradicional de anunciar a escolha de um novo papa é por meio da fumaça que sai
da chaminé da Capela Sistina. Se for branca, significa que a Igreja tem um novo
pontífice. Por outro lado, se for escura, uma nova votação será realizada. A
fumaça é resultado da queima dos votos dos cardeais reunidos no Conclave. Para
garantir a cor correta, substâncias químicas são adicionadas à combustão.
Em 2013, o Vaticano
esclareceu que a fumaça escura era produzida por uma mistura de clorato de
potássio, antraceno e enxofre, enquanto a branca é resultado da queima de
clorato de potássio, lactose e colofônio. A chaminé responsável pela liberação
da fumaça funciona por meio de um sistema eletrônico, e os compostos químicos
ficam armazenados em cartuchos específicos. Além da fumaça branca, a eleição do
novo papa é confirmada pelo toque dos sinos da Basílica de São Pedro.
G1
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