O avanço da Indústria
4.0 está ganhando novos contornos no Brasil com o resultado da 2ª edição da
chamada B+P Smart Factory – FINEP/2025, iniciativa conjunta do Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial (SENAI) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep),
dentro do programa Brasil Mais Produtivo. Ao todo, 12 projetos foram
selecionados e receberão R$ 6,5 milhões para desenvolver soluções tecnológicas
voltadas à digitalização e automação de micro, pequenas e médias empresas
(MPMEs) industriais brasileiras.
“Temos hoje grandes
indústrias, têm fornecedores, tecnologias 4.0 para melhorar sua produtividade,
sua eficiência, mas não é a realidade para as pequenas e médias indústrias. O
Smart Factory vem no sentido de desenvolver negócios, empresas, soluções que
vão poder fornecer e oferecer essas tecnologias para que essas micro, pequenas
e médias indústrias também possam entrar nesse mundo da indústria 4.0, gerando
mais produtividade, eficiência e sustentabilidade para os seus negócios”,
explica o superintendente de Inovação e Tecnologia do SENAI, Roberto de
Medeiros Junior.
As iniciativas
contempladas vêm de seis estados, que integram a Plataforma Inovação para a
Indústria e refletem a diversidade e o potencial inovador do país. Veja como
ficou a distribuição dos projetos:
Indústria 4.0: Como
funcionam os projetos
Cada projeto
selecionado precisa instalar, testar e avaliar suas soluções tecnológicas em
pelo menos 12 MPMEs industriais. Algumas das iniciativas, no entanto,
propuseram aplicações em escala maior, o que pode elevar o impacto da chamada
para até 405 empresas atendidas diretamente em todo o país.
As soluções envolvem o
uso de tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0, como:
Indústria 4.0: Projeto
selecionado
Entre os projetos
selecionados no B+P Smart Factory – FINEP/2025, está o “Insight 4.0”,
desenvolvido pela empresa cearense LiteMe em parceria com o Instituto SENAI de
Inovação. O objetivo é integrar dados de produção com o consumo de utilidades,
como energia, água e gás, para gerar indicadores inteligentes de desempenho
industrial e aumentar a competitividade no cenário nacional.
“Quando a gente leva
os dados para o cliente, ele diz: mas eu estou gastando mais, por quê? Na
verdade, ele está produzindo mais também. Então, a gente percebeu que o cliente
precisa ver em relação ao que ele produz e quanto ele consome. Ele precisa
saber se está gastando mais ou menos, mas correlacionado com outras
informações. E daí surgiu o projeto”, explica o CEO da LiteMe e líder do
projeto “Insight 4.0”, Eloi Rocha Neto.
A LiteMe já possui
experiência no monitoramento e gestão de utilidades industriais, com dashboards
e sensores próprios. Mas, segundo Eloi, faltava justamente essa camada de
inteligência que relacionasse os dados de consumo aos indicadores de produtividade.
“A principal inspiração é ajudar a indústria a entender, a correlacionar a
informação, gerar informação útil, KPIs, para que tome decisões corretas”,
afirma.
Para o CEO,
iniciativas como a B+P Smart Factory são fundamentais para garantir que as
soluções de inovação não fiquem só no papel. “É um programa excelente. Muitas
vezes, quem está desenvolvendo a solução, a tecnologia, faz algo sem estar
conectado, o que ele acha que é importante. Mas na hora que você está junto do
SENAI, que conhece as dores dos clientes, das indústrias, e já viabiliza e
potencializa a implantação dentro de um escopo de um projeto desse, em um
conjunto considerável de indústrias, faz com que a gente faça a coisa certa e
do jeito certo”, avalia.
Indústria 4.0: impactos
regionais e nacionais
O objetivo do B+P
Smart Factory é aumentar a produtividade, a competitividade e a
sustentabilidade de MPMEs, que representam a maior parte das indústrias no
Brasil, mas ainda enfrentam desafios para acessar tecnologias de ponta. Além da capacitação tecnológica, a parceria
SENAI e Finep promove a validação prática das inovações, criando um ciclo
virtuoso de inovação aberta entre institutos de ciência e tecnologia, empresas
desenvolvedoras e o setor produtivo.
Dados recentes da CNI
apontam que mais de 90% das indústrias brasileiras de pequeno e médio porte
ainda estão nos estágios iniciais de digitalização, o que reforça a importância
de políticas públicas e chamadas como a B+P Smart Factory.
“O que se espera é que
nós tenhamos uma indústria nacional, seja micro, pequena ou média, mais
competitiva tanto em âmbito nacional quanto em âmbito internacional também.
Como nós estamos desenvolvendo essas empresas de tecnologia 4.0 que vão poder
fazer e desenvolver para a indústria local, elas também vão poder exportar
essas tecnologias. Logo, nós estamos pensando entrar mais forte na cadeia de
valor tanto de produção quanto de inovação no mundo”, declara Medeiros.
Próximos passos
As soluções selecionadas
na chamada deverão ser implementadas ao longo de 2025. A expectativa é que os
resultados sirvam como modelo replicável para outros setores e regiões,
contribuindo com o fortalecimento de uma cultura de inovação contínua no setor
industrial brasileiro.