Proposta aguarda
indicação de relator na CCJ do Senado.
Uma proposta de emenda
à Constituição (PEC) apresentada por senadores de diferentes partidos busca
proteger a integridade e a privacidade dos dados mentais de usuários de
equipamentos neurotecnológicos – métodos ou dispositivos utilizados para
registrar ou modificar a atividade cerebral. Protocolada em junho de 2023, a
PEC nº 29 é inspirada na proposição da fundação norte-americana Neurorights,
cujo principal porta-voz é o neurobiólogo espanhol Rafael Yuste e em uma
proposta já aprovada pelo Congresso do Chile. O país é o primeiro a incluir em
sua Constituição a proteção à atividade e aos dados cerebrais.
Entre as
justificativas apresentadas na PEC nº 29, os parlamentares destacam que o
desenvolvimento das neurotecnologias gera “esperança e grande expectativa”,
principalmente em áreas como a medicina, mas também cria uma “fundada e real
preocupação sobre os limites éticos e normativos” do uso desses métodos e
aparelhos em seres humanos. Quase nove meses após ser apresentada, a PEC 29
ainda aguarda a indicação do relator da matéria pelo presidente da Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ), senador Davi Alcolumbre (União-AP). O relator
ficará encarregado de apresentar um parecer aos demais membros do colegiado
responsável por opinar sobre a constitucionalidade das propostas em análise no
Senado.
A iniciativa chama a
atenção não só pelo número de signatários, 27 senadores, mas também por unir
representantes de diferentes correntes ideológicas, como os líderes do governo
federal no Congresso Nacional e no Senado, respectivamente Randolfe Rodrigues
(Rede-AP) e Jaques Wagner (PT-BA), e o ex-vice-presidente da República Hamilton
Mourão (Republicanos-RS), além de Angelo Coronel (PSD-BA); professora Dorinha
Seabra (União-TO) e Mara Gabrilli (PSD-SP), entre outros.
Os autores da PEC
argumentam que a regulamentação dos neurodireitos é essencial para proteger a
privacidade, a autonomia e a liberdade individual em um mundo cada vez mais
digitalizado. A proposta também busca garantir que os benefícios das
tecnologias neurocientíficas sejam distribuídos de forma justa e equitativa
entre a sociedade.
A defesa parlamentar à
regulamentação dos chamados neurodireitos no Brasil ecoa a proposta
internacional de especialistas em neurociências, direito e bioética que pregam
a necessidade de os países incorporarem a proteção aos neurodados em suas leis
e a possibilidade de a Organização das Nações Unidas (ONU) ampliar o rol de
direitos fundamentais estabelecidos na Declaração Universal dos Direitos
Humanos a fim de proteger as pessoas e sociedades dos eventuais efeitos nocivos
do uso da neurotecnologia.

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