Ungida por partidos de centro como a melhor
alternativa para a candidatura presidencial, a senadora Simone Tebet (MDB-MS)
terá agora o desafio de criar uma marca, segundo aliados. De acordo com essa
avaliação, a ausência de posicionamentos firmes em relação a temas controversos
é algo que precisará ser trabalhado. Ela costuma ficar em cima do muro em
algumas pautas, tentando agradar os dois lados da polarização, o que precisará
mudar daqui em diante.
Sobre a Operação Lava Jato, por exemplo, na sabatina organizada pela Folha e pelo o UOL, Tebet fez elogios e críticas. "Não fico nem a favor nem contra a questão da Lava Jato. Ela cumpriu um papel importante, escancarou verdadeiros escândalos de corrupção, não adianta o PT dizer que não houve", afirmou.
Por outro lado, diz que houve "excessos do rito processual". "Não tenho dúvida nenhuma disso. Tenho um bom relacionamento com o [ex-juiz Sergio] Moro e quero acreditar que houve boa-fé. Mas aí tem que perguntar para ele, para os membros do Ministério Público, do Judiciário, para ver se houve má-fé ou boa-fé", esquivou-se. Em entrevista ao UOL, a senadora se posicionou contra o aborto, mas tentou fazer um aceno às feministas ao declarar que o tema não deveria ser tabu.
"O feminismo que eu acredito é aquele que luta pelos seus direitos, compreendendo quem pensa diferente, e vice-versa. Aliás, essa é a grande beleza da democracia", pontuou. Na sequência, afirmou se tratar de um assunto sério que precisa ser debatido com seriedade, e não a cada quatro anos, em campanha eleitoral.
Sobre privatizações, sua posição também é dúbia. Em um esboço de plano de governo divulgado pela CNN, Tebet se diz a favor das privatizações. Mas quando questionada sobre a venda da Petrobras, afirma se contra. Outro aliado da possível coligação afirma que essa dubiedade pode ser usada como um trunfo, pois é melhor não se posicionar do que fazê-lo de forma equivocada. Disso dependerá ela empolgar a estrutura partidária para trabalhar a seu favor.
Os três partidos partidos que sinalizam apoiá-la (MDB, Cidadania e PSDB) têm 17 candidatos a governador, a maioria com chances de ir ao segundo turno. O primeiro desafio será no seu próprio partido, o MDB. Parlamentares do Nordeste, como o senador Renan Calheiros (MDB-AL), já declararam apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto diretórios do sul têm preferência por Jair Bolsonaro (PL). Por meio de sua assessoria, a senadora diz que "ficar em cima do muro não é uma posição que a caracterize".
"Sua atuação política tem como marca a adoção de posições claras e firmes sobre quaisquer temas. Assuntos complexos, porém, não podem ser abordados de forma superficial, apenas para suprir uma suposta 'necessidade de contundência'. Não é assim que se faz a boa política. Isso seria leviano, mero populismo", afirma. Ainda de acordo com a assessoria, "como cristã, ela é contra o aborto, mas entende, como democrata, que é preciso ouvir a sociedade e debater o tema no Congresso Nacional".
Com relação às privatizações, ela é liberal, "mas disse não à desestatização da Petrobras no momento em que o tema era tratado apenas como forma de conter a interferência equivocada do governo federal na política de preços da companhia". Quanto à Lava Jato, Tebet diz que reconhece méritos na operação, mas não nega que houve excessos na sua condução.
Por Fábio Zanini e Juliana Braga | Folhapress
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