Os planos de saúde individuais devem ficar
quase 16% mais caros, segundo estimativas do setor. O reajuste oficial
referente ao período de maio de 2022 a abril de 2023 ainda não foi divulgado
pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), mas deve ser anunciado até
junho. Se confirmada, essa seria a maior alta desde 2000, quando entrou em
vigor o modelo atual de reajuste. O percentual mais alto autorizado pela ANS
até hoje foi de 13,57% em 2016.
Em 2021, pela primeira vez, os planos individuais tiveram reajuste negativo (-8,19%). Isso aconteceu principalmente devido à queda na utilização dos serviços da saúde suplementar e a consequente redução das despesas assistenciais em 2020 em virtude da pandemia. Para determinar o reajuste anual, a ANS leva em conta a variação das despesas com atendimento aos beneficiários de planos de saúde (com peso de 80% sobre o cálculo) e a inflação acumulada no ciclo anterior (com peso de 20%).
Uma vez anunciado o percentual máximo de reajuste, as operadoras poderão subir os preços dos planos individuais a partir data de aniversário do contrato --isto é, no mês de contratação do plano. A alta poderá acontecer até abril de 2023. O reajuste divulgado pela ANS não vale para planos coletivos empresariais e por adesão. Segundo a agência reguladora, 8,9 milhões de pessoas têm planos individuais de saúde no Brasil.
A Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde) estima que o reajuste para 2022 será de 15,8%. "Em 2021, as despesas superaram e muito as de 2020, como resultado da elevada taxa de ocupação hospitalar ocasionada por dois principais motivos: a retomada dos atendimentos adiados no ano anterior e a segunda onda da Covid-19, muito maior do que a primeira", afirma a associação.
Segundo a Abramge, a inflação mundial de insumos (materiais, equipamentos e medicamentos) e a alta do dólar também impactaram o setor. A FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar) projeta um reajuste de 15,7%, com base na atual metodologia de cálculo e nas informações das operadoras até o quarto trimestre de 2021.
"O aumento de itens diversos, como o preço de medicamentos e insumos médicos, a forte retomada dos procedimentos eletivos, o impacto de tratamentos de Covid longa e a incorporação de novas coberturas obrigatórias aos planos de saúde, como medicamentos e procedimentos, impactam diretamente no reajuste", diz. A FenaSaúde afirma ainda que, se confirmada a projeção, o reajuste total nos dois últimos anos ficaria em 6,22% (considerando a queda de preços em 2021), abaixo da inflação geral acumulada no período, que passa de 16%.
Veja o histórico de reajustes dos planos de saúde individuais pela ANS
Ano; Reajuste
2021; -8,19%
2020;
8,14%
2019;
7,35%
2018;
10%
2017;
13,55%
2016;
13,57%
2015;
13,55%
2014;
9,65%
2013;
9,04%
2012;
7,93%
2011;
7,69%
2010;
6,73%
2009;
6,76%
2008;
5,48%
2007;
5,76%
2006;
8,89%
2005;
11,69%
2004;
11,75%
2003;
9,27%
2002;
7,69%
2001;
8,71%
2000;
5,42%
Por Felipe Andretta l Folhapress
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