Artigo de Geólogo da Empresa
Foundry Gate do ano de 2013 relata a verdade sobre a situação das Siderúrgicas no Brasil.
As riquezas de Carajás atraíram
muitos empresários ao Pará e Maranhão. Um grande número deles investiu em dois
grandes polos de ferro-gusa: situados em Marabá/PA e Açailândia/MA. Os
empresários estavam, na realidade, adicionando valor ao minério de ferro que é
vendido pela Vale no estado bruto aos compradores internacionais.
A região de Açailândia recebeu 8
indústrias siderúrgicas: Cosima, Santa Inês, Margusa, Fergumar, Simasa, Vale do
Pindaré, Viena e Gusa Nordeste. Todas pensavam se beneficiar do ferro de
Carajás, da ferrovia Norte-Sul e da ferrovia Carajás e da excelente
infraestrutura local.
Já em Marabá, 10 indústrias
siderúrgicas com 21 fornos foram instalados (Fergumar, Simasa, Usimar, Sidepar,
Cosipar, Iberica, Itasider, Maragusa, Viena e Sinobras ) também atraídas pelo
ferro de Carajás e pelo encorajamento da própria Vale.
Pois esse empreendedorismo todo,
que gerou bilhões de dólares de investimentos, dezenas de milhares de empregos
diretos e indiretos, além de faturamentos anuais acima de 1 bilhão de dólares
está hoje, sucateado, paralisado e entregue às moscas. Os empresários que
tiveram a coragem de investir tem os seus nomes manchados como se fossem
criminosos.
Afinal em que país estamos, que
permite essa enorme inversão de valores?
Os principais motivos deste
desastre são:
A falta de uma política e regras
específicas no início das operações. Se o Governo e a própria Vale obrigassem
os guseiros a ter um carvão ambientalmente correto desde a primeira tonelada de
ferro-gusa as coisas seriam diferentes. Se, ao mesmo tempo os técnicos da Vale
e do Governo informassem aos empresários sobre as restrições e custos
operacionais das plantas de gusa por eles escolhidas, muito dos problemas que
hoje penalizam os empresários não existiriam.
Os elevados preços do minério de
ferro, a Vale cobra dos guseiros brasileiros mesmo preço usado para a
exportação.
Carvão, meio ambiente e plantas
obsoletas. A maioria dos guseiros construíram plantas, bastante baratas e
obsoletas que usavam somente o carvão vegetal. SE essas plantas pudessem operar
também com o coque os problemas que eles enfrentaram para obter carvão vegetal
não aconteceria. Com o passar do tempo as notícias de desmatamentos para a
fabricação do carvão se espalhou pelo Brasil e mundo e a Vale começou a vender
minério somente para as empresas que tinham um carvão com selo do IBAMA. Por
falta de planejamento poucas empresas se qualificavam e a maioria teve que
comprar carvão a preços elevados e iniciar a produção própria de carvão a
partir de eucaliptos que tem um ciclo de 5 anos. Este período que elas
trabalharam com o carvão não certificado gerou um passivo ambiental que só foi negociado
com a SEMA em 2012. A solução adicionou novos custos aos já combalidos
guseiros.
Falta de minério próprio: as
guseiras por não terem minas próprias ficaram atreladas à Vale e não puderam
sobreviver. Muitas tentaram de tudo para sobreviver, até lançar nos seus fornos
lateritas com alto teor de água o que pode causar crepitação e prejuízos.
Hoje, graças a vários fatores
listados praticamente todas as guseiras do Pará e do Maranhão ou foram fechadas
ou estarão sendo fechadas nos próximos dias. O custo da produção do ferro-gusa
é maior ou igual ao preço praticado pelo mercado que é de US$450/t
O trágico é que o ferro-gusa pode
ser produzido a menos de US$170/tonelada o que permite uma lucratividade
excelente.
Para conseguir essa "mágica"
é necessário um bom assessoramento técnico, plantas modernas, minério de ferro
próprio e carvão vegetal próprio. É realmente uma desgraça que a população
local e esses guseiros, empresários, empreendedores brasileiros que foram
enfrentar a Amazônia buscando adicionar valor ao minério de ferro, que a Vale
vende no estado bruto por uma ninharia no mercado internacional, sofram essa
imensa derrota e se encontrem, hoje, totalmente desamparados pelo Governo tendo
que amargar imensos prejuízos.
Fonte: Geólogo da Empresa Foundry
Gate
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