O SIGNIFICADO DA VIDA

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Alimentação com identidade: empreendedoras maranhenses transformam o território com seus sabores e histórias

 









Projetos da Aliança Empreendedora fortalecem o empreendedorismo feminino e a valorização da cultura local no Maranhão

A comida é uma das expressões mais genuínas da identidade de um povo. No Maranhão, ela também tem sido um caminho de transformação social, autonomia financeira e fortalecimento das comunidades locais por meio de projetos da Aliança Empreendedora. Na capital São Luís, mulheres que encontraram na cozinha uma forma de sustento e de expressão cultural estão mudando suas próprias histórias, e a de seus territórios, por meio do empreendedorismo.

Entre elas, está Rafaella Cristina Nogueira Rodrigues, de 37 anos, à frente do negócio Tá na Hora Açaí e Guaraná da Rafa. Ela passou pela capacitação do projeto Empreendendo o Futuro, realizado pela Aliança Empreendedora com apoio da Suzano, que contribui para retirar milhares de pessoas da linha da pobreza por meio do empreendedorismo. Rafaella foi uma das formandas da cerimônia do Formando e Cozinhando, iniciativa do Governo do Maranhão coordenada pela SEDES, que marcou a culminância da trajetória das empreendedoras que participaram do projeto. Rafaella representa as primeiras 120 mulheres das turmas de São Luís e Açailândia (MA).

O seu negócio nasceu em um momento difícil, quando o marido da Rafaella ficou desempregado e as contas começaram a apertar. “Comecei em um momento de dificuldade financeira, no momento em que meu esposo ficou desempregado. Foi aí que minha mãe deu a ideia de fazermos algo. Começamos com o guaraná da Amazônia, fui conquistando meus clientes e vendo uma maneira de agregar mais e mais para eles”, conta.

Ainda de acordo com Rafaella, a proximidade com a cozinha vem da infância, inspirada pelas tradições da família. “Sempre tive contato com a cozinha, pois minha avó amava fazer bolos e doces. Deixei de trabalhar CLT quando descobri o diagnóstico do meu filho, que tem TEA (Transtorno do Espectro Autista)”.

Hoje, Rafaella trabalha com delivery de açaí, guaraná e panquecas, mas ainda enfrenta desafios logísticos. “Meu plano agora é conseguir um freezer, pra que eu possa ter mais caixas de açaí. Meu sonho é poder ter um lugar físico ou conseguir um carrinho que eu possa personalizar e levar o meu trabalho para outras pessoas conhecerem, ter um espaço para levar sabor e cremosidade do açaí e guaraná da Amazônia e das panquecas”.

A ação tem como propósito romper o ciclo intergeracional da pobreza no estado, promovendo autonomia financeira e inserção produtiva das participantes. Com a filosofia de que a comida pode ser um agente de transformação social, o projeto incentiva o empreendedorismo e o desenvolvimento social, ambiental, econômico, cultural e turístico por meio da gastronomia.

O projeto oferece formação teórica e prática para profissionais da cozinha em situação de vulnerabilidade social, sem formação técnica, com aulas conduzidas por professores de gastronomia e chefs convidados. Rafaella destaca que o aprendizado foi um divisor de águas. “Participar do projeto foi maravilhoso, sensacional, pois foi uma bagagem de aprendizado em minha vida em todos os sentidos. Profissional, de mais conhecimento, e pessoal, de que somos capazes de conseguir o que desejamos, do empoderamento da mulher no mundo”.

Outra empreendedora que também participou do Formado e Cozinhando e simboliza essa força é Edilene Mendes Andrade, de 50 anos, dona de um pequeno restaurante de comida caseira, chamado Delícias do Mana. Natural da baixada maranhense, ela é filha de quebradeira de coco babaçu e mudou-se para São Luís em busca de melhores condições de vida e educação para os filhos. “Quando eu era mais nova, tive que trabalhar muito para ajudar meus pais, e uma das formas de trabalho foi por meio da culinária. Quando tive minha família, precisei trabalhar com algo e resolvi investir em algo que eu sempre gostei, a cozinha. Com isso, abri meu próprio negócio e estou com ele até hoje, apesar das dificuldades”.

Edilene começou vendendo cafés, bolos e salgados na porta de hospitais, até alugar um ponto comercial. Mas, com os altos custos, precisou voltar a trabalhar em casa. Ainda assim, não perdeu o foco. “O desafio maior é que eu não tenho funcionária, pois ainda não consigo investir em ajudantes. A alimentação é uma forma de inspirar os outros moradores a investirem no seu próprio negócio. No começo é difícil, mas faz parte de toda empresa”, explica.

Ao participar da iniciativa da Aliança Empreendedora, Edilene reforçou sua confiança e aprendeu novas técnicas, com formação empreendedora, mentorias e apoio para estruturar o seu negócio. “Aprendi novas técnicas de montagem de cardápios, precificação e novos cardápios. Eu gostei muito, pois tive a oportunidade de desenvolver o que eu já sabia e aprender técnicas e receitas novas que levarei comigo. Meus planos são colocar em prática tudo o que aprendi no curso e investir na ambientação do meu local de trabalho para que seja confortável tanto para mim quanto para os meus clientes”.

Segundo André Becher, gerente de Sustentabilidade da Suzano, o apoio à iniciativa da Aliança Empreendedora está alinhado às metas de longo prazo da companhia, que busca contribuir diretamente para a transformação social nas regiões onde atua.

“Como parte das metas de longo prazo da empresa, pretendemos, até 2030, contribuir para que 200 mil pessoas residentes nas regiões onde a Suzano está presente saiam da linha da pobreza. Para que isso aconteça, é essencial apoiar iniciativas voltadas à geração de renda e à educação, como o projeto Formando e Cozinhando”, afirma André.

Raiz nos negócios

Assim como Rafaella e Edilene, Polyana Rafaela Cutrim da Silva também representa essa nova geração de microempreendedoras maranhenses que unem tradição e inovação. À frente do Bar Girls, ela trabalha com coquetelaria natural e autoral, valorizando frutas e ingredientes locais.

“Minha relação com o bar de drinks começou em 2013, quando passei a trabalhar em uma produtora de festas. Mas foi durante a pandemia que tudo tomou outro rumo, o setor de eventos foi um dos primeiros a parar, e eu precisei buscar uma nova fonte de renda. Foi então que comecei a fazer pequenas festas privadas, e desse movimento nasceu o Bar Girls”.

Em um setor dominado por homens, Polyana conquistou espaço com coquetelaria autoral e ingredientes locais. “Um dos maiores desafios foi entrar em um segmento majoritariamente masculino. No início, precisei conquistar respeito e espaço mostrando meu profissionalismo e o diferencial da minha proposta, uma coquetelaria natural e autoral, feita com muita técnica e sensibilidade”, complementa.

Atualmente, ela enxerga seu trabalho como uma forma de celebrar a cultura local e fortalecer a economia criativa. “A coquetelaria tem um papel lindo, pois ela celebra encontros, alegrias e tradições. Além de criar receitas incríveis, ela movimenta a economia criativa, valoriza produtores locais e reforça a cultura de festejar com autenticidade”, explica.

A empreendedora participou do Negócio Raiz, no ciclo 2, projeto da Aliança Empreendedora com apoio da Youth Business International (YBI) e financiamento da Standard Chartered Foundation, que fomenta a economia circular e o empreendedorismo de base comunitária. Para ela, participar do projeto foi uma experiência incrível. “Pude aprender muito, trocar ideias com outras pessoas do ramo e fortalecer minha visão empreendedora. Foi um divisor de águas na forma como enxergo o meu negócio”.

Impulso ao microempreendedorismo brasileiro

Os projetos Formando e Cozinhando e o Negócio Raiz se complementam ao promover capacitação, autonomia e valorização da identidade local. Ambas as iniciativas mostram que a comida, e o trabalho de quem a prepara, podem ser instrumentos de transformação social e econômica.

Esse movimento ganha ainda mais relevância em um cenário de crescimento do empreendedorismo no Maranhão. No primeiro semestre de 2025, o estado registrou o maior número de empresas abertas da sua história. Foram 33.751 novos negócios formalizados entre janeiro e junho, um aumento de 20,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados da Junta Comercial do Estado do Maranhão (Jucema). As micro e pequenas empresas (MPEs) foram protagonistas nesse avanço, respondendo por mais de 91% das aberturas.

“Acreditamos que empreender é uma forma de transformar realidades. Com o Formando e Cozinhando e o Negócio Raiz, conseguimos apoiar centenas de mulheres que hoje geram renda, fortalecem suas comunidades e mantêm vivas as tradições locais. O Maranhão tem um potencial enorme, e nosso papel é garantir que essas empreendedoras tenham acesso à formação, rede de apoio e oportunidades reais de crescimento”, Verônica Maio, líder de projetos na Aliança Empreendedora

Além dessas iniciativas, a Aliança Empreendedora também oferece suporte contínuo por meio do Tamo Junto, multiplataforma de aprendizado que reúne mais de 240 conteúdos gratuitos voltados a microempreendedores. Com mais de 300 mil inscritos, o portal é uma das principais referências de apoio ao microempreendedor brasileiro, com cursos on-line em áreas como marketing e vendas, finanças, formalização do MEI e precificação, além de trilhas sobre bem-estar e comportamento empreendedor. Mais informações, clique aqui.

Sobre a Aliança Empreendedora

A Aliança Empreendedora acredita que todos e todas os brasileiros podem empreender de forma digna e justa, e usa o empreendedorismo como forma de transformar o Brasil. Em 20 anos já apoiou mais de 250 mil microempreendedores, recebendo em 2023 o Prêmio de Melhor ONG de Geração de Renda do Brasil. Neste sentido, capacita e apoia gratuitamente microempreendedores formais e informais em comunidades e periferias de todo o país, gerando inclusão e desenvolvimento econômico social, em parceria com empresas, governos, organizações sociais e interessados na causa. Saiba mais em: www.aliancaempreendedora.org.br.

 

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