Dívida pública está em
78,3%; acumulado do ano registra déficit primário de R$ 93,5 bi
As contas públicas
fecharam o mês de setembro com saldo negativo, resultado do déficit em todas as
esferas: Governo Central, governos regionais e empresas estatais. O setor público
consolidado – formado pela União, pelos estados, municípios e empresas estatais
– registrou déficit primário de R$ 7,340 bilhões no mês de setembro. Segundo
matéria da Agência Brasil, o valor, entretanto, é menor que o resultado
negativo de R$ 18,071 bilhões registrado no mesmo mês de 2023. Nessa comparação
interanual, houve melhora nas contas do setor público consolidado em razão da
melhora nas contas do Governo Central, ainda que continue com déficit. No caso
dos governo regionais, houve piora no déficit.
As Estatísticas
Fiscais foram divulgadas nesta segunda-feira (11) pelo Banco Central (BC). O
déficit primário representa o resultado negativo das contas do setor público
(despesas menos receitas), desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública.
No acumulado do ano, o setor público consolidado registra déficit primário de
R$ 93,561 bilhões. Em 12 meses – encerrados em setembro – as contas acumulam o
resultado negativo de R$ 245,605 bilhões, o que corresponde a 2,15% do Produto
Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país). Em
2023, as contas públicas fecharam o ano com déficit primário de R$ 249,124
bilhões, 2,29% do PIB.
Esferas de governo
Em setembro último, a
conta do Governo Central (Previdência, Banco Central e Tesouro Nacional) teve
déficit primário de R$ 3,974 bilhões ante resultado negativo de R$ 16,506
bilhões em setembro de 2023. O montante do déficit difere do resultado
divulgado no último dia 7 pelo Tesouro Nacional, de déficit de R$ 5,326 bilhões
em setembro porque, além de considerar os governos locais e as estatais, o BC
usa metodologia diferente, que leva em conta a variação da dívida dos entes
públicos. De acordo com o BC, a redução no déficit do Governo Central se deve
ao aumento de 8% nas receitas, em magnitude maior do que as despesas, que
cresceram 1,4% em setembro de 2024 em comparação ao mesmo mês de 2023.
Os governos estaduais
também registraram déficit no mês de setembro de R$ 597 milhões, ante déficit
de R$ 374 milhões em setembro do ano passado. Já os governos municipais tiveram
resultado negativo de R$ 2,575 bilhões em setembro deste ano. No mesmo mês de
2023, houve déficit de R$ 691 milhões para esses entes. Com isso, no total, os
governos regionais – estaduais e municipais – tiveram déficit de R$ 3,173
bilhões em setembro de 2024 contra resultado negativo de R$ 1,065 bilhão no
mesmo mês do ano passado. Da mesma forma, as empresas estatais federais,
estaduais e municipais – excluídas dos grupos Petrobras e Eletrobras – também
contribuíram para o déficit das contas públicas, com déficit primário de R$ 192
milhões em setembro de 2024. No mesmo mês do ano passado, o déficit foi de R$
500 milhões.
Despesas com juros
Os gastos com juros
ficaram em R$ 46,427 bilhões em setembro deste ano, uma redução significativa
em relação aos R$ 81,714 bilhões registrados em setembro de 2023. De agosto
para setembro de 2024, também houve queda. No oitavo mês do ano, os gastos com
juros foram de R$ 68,955 bilhões. De acordo com o BC, não é comum a conta de
juros apresentar grandes variações, especialmente negativas, já que os juros
são apropriados por competências, mês a mês. Mas nesse resultado, há os efeitos
das operações do Banco Central no mercado de câmbio (swap cambial, que é a
venda de dólares no mercado futuro) que, nesse caso, contribuíram para a
melhora da conta de juros em setembro. Os resultados dessas operações são
transferidos para o pagamento dos juros da dívida pública, como receita quando
há ganhos e como despesa quando há perdas.
Em setembro de 2023, a
conta de swaps teve perdas de R$ 15,9 bilhões, enquanto no mesmo mês deste ano
teve ganhos de R$ 20 bilhões. Com isso, o resultado nominal das contas públicas
– formado pelo resultado primário e os gastos com juros – caiu quase que pela
metade na comparação interanual. No mês de setembro, o déficit nominal ficou em
R$ 53,767 bilhões contra o resultado negativo de R$ 99,785 bilhões em igual mês
de 2023. Em 12 meses encerrados em setembro, o setor público acumula déficit R$
1,065 trilhão, ou 9,34% do PIB. O resultado nominal é levado em conta pelas
agências de classificação de risco ao analisar o endividamento de um país,
indicador observado por investidores.
Dívida pública
A dívida líquida do
setor público – balanço entre o total de créditos e débitos dos governos
federal, estaduais e municipais – chegou a R$ 7,117 trilhões em setembro, o que
corresponde a 62,4% do PIB. Em agosto, o percentual da dívida líquida em
relação ao PIB estava em 62% (R$ 7,026 trilhões). No mês de setembro deste ano,
a dívida bruta do governo geral (DBGG) – que contabiliza apenas os passivos dos
governos federal, estaduais e municipais – chegou a R$ 8,928 trilhões ou 78,3%,
com redução em relação ao mês anterior, em termos de percentual do PIB (R$
8,898 trilhões ou 78,5% do PIB). Assim como o resultado nominal, a dívida bruta
é usada para traçar comparações internacionais.
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