Os donos das fortunas
são do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, no ranking não aperecem candidatos das
regiões Nordeste e Norte
Na disputa por
prefeituras e vagas em Câmaras Municipais em cidades de sete estados do Brasil,
os dez políticos mais ricos do Brasil somam, juntos, uma fortuna de R$ 7,3
bilhões. Os bens foram declarados no registro no Tribunal Superior Eleitoral
(TSE). Os integrantes da lista são das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Há
dois candidatos bilionários na lista, responsáveis por quase 60% do montante.
E quase todos os
concorrentes são homens e se autodeclararam brancos. No quesito escolaridade,
há quatro políticos com o ensino superior completo, outros quatro que
concluíram o ensino médio e dois candidatos que não completaram seus estudos,
um, no ensino fundamental, e outro, na faculdade. Entre os candidatos mais
ricos do Brasil, cinco fazem parte de chapas como vice-prefeito, quatro são
postulantes ao cargo de chefe do Executivo municipal e um tenta o mandato de
vereador.
Há sete empresários na
lista, um administrador, um comerciante e um vereador. Três deles são do PL e
há um filiado a cada uma das seguintes siglas: União, Republicanos, PSB, PRTB,
PP, Podemos e PDT.
Veja a lista:
10º – Francis Maris
Cruz (PL): R$ 230.205.947,00
Ex-prefeito do
município de Cáceres por dois mandatos, Francis Maris (MDB) tenta novamente o
comando do Executivo da cidade de 89 mil habitantes no sul do Mato Grosso. Os
mais de cem bens declarados pelo empresário totalizam R$ 230,2 milhões.
O candidato foi eleito
em 2012, pelo PMDB, e reeleito em 2016, então filiado ao PSDB. Em 2022, último
pleito em que concorreu, foi eleito suplente de deputado estadual, também pelo
partido tucano. Na ocasião, há dois anos, o total declarado foi de R$ 107,5
milhões, metade do patrimônio atual. A campanha do candidato foi procurada pelo
Estadão, mas não quis comentar.
9º – Ivanir Maria
Gnoatto Viana (Republicanos): R$ 258.783.507,00
A vereadora Iva Viana
(Republicanos), que concorre como vice-prefeita de Primavera do Leste (MS),
município de 85 mil habitantes a 243 quilômetros da capital, Cuiabá, declarou
R$ 258,7 milhões ao TSE. Eleita suplente em 2020 pelo PDT e assumindo a vaga posteriormente,
Iva estreou na vida política em 2016, quando foi eleita para seu primeiro
mandato na Câmara Municipal.
Há quatro anos, o
patrimônio declarado por ela foi de R$ 6,4 milhões a menos que o atual. Em
2016, os bens somavam R$ 62,8 milhões. Ao todo, a candidata declarou terrenos
no valor de R$ 213,5 milhões, e veículos automotores, como automóveis e
maquinários, que somados valem R$ 45 milhões.
Ao Estadão, a
candidata disse que “não vive de política” e que, além da ocupação de
vereadora, é agricultora, dona de casa e mãe. “Nós somos agricultores há 41
anos, cultivamos soja, milho, gergelim, temos gado e, ao longo dos anos, fomos
adquirindo imóveis”, afirmou.
8º – Dênis Luiz
Lunelli (PL): R$ 285.208.390,00
O administrador Dênis
Lunelli concorre como vice-prefeito de Guaramirim, município do norte
catarinense. Em sua primeira eleição, o candidato do PL, em chapa puro-sangue,
declarou ao TSE R$ 285,2 milhões em bens. Lunelli, que empreende no setor
têxtil, afirmou que ingressou na política com intuito de “melhorar a situação
do município onde se localiza a matriz da empresa”.
Entre os 39 bens
declarados, a maior parte está em participações societárias, com R$ 168,8
milhões. Outros ativos financeiros somam R$ 82,7 milhões, enquanto 26 terrenos
foram declarados por R$ 29,1 milhões. O candidato também disse ter duas
pequenas aeronaves, que juntas foram declaradas por R$ 336,8 mil.
Procurado pelo
Estadão, o candidato afirmou que é preciso ter “transparência na vida privada,
para ter transparência na vida pública”. “Seria muito importante se no Brasil
as pessoas votassem em candidatos que não precisam viver da máquina pública, e
sim o fizessem por um motivo altruísta.”
7º – Sandro da Mabel
Antônio Scodro (União): R$ 313.405.896,00
Candidato a prefeito
de Goiânia (GO), Sandro Mabel (União) declarou R$ 313,4 milhões em patrimônio.
O candidato diz possuir 29 terrenos, que totalizam R$ 15,9 milhões, mais de R$
8,8 milhões em oito apartamentos, participações societárias, depósitos
bancários, duas casas, veículos, joia e outros bens.
Antes de tentar a
prefeitura da capital goiana, Mabel exerceu quatro mandatos na Câmara dos
Deputados. Entre 1995 e 1999 pelo PMDB, entre 2003 e 2007 pelo PFL, entre 2007
e 2011 pelo PL e entre 2011 e 2015 pelo PR.
Nas últimas eleições
em que concorreu, em 2010, o então deputado declarou R$ 70,9 milhões. Por meio
de sua assessoria de imprensa, o candidato disse que começou a trabalhar com 13
anos na fábrica da família, no interior de São Paulo, que cresceu e foi vendida
em 2011. Segundo ele, a comercialização da empresa “se refletiu na declaração
de nosso imposto de renda, com o ganho de capital, do ano seguinte”.
“Continuamos também a
investir em outros negócios, que já pertenciam à família, e novos nas áreas do
agronegócio e imobiliário, por exemplo. Aprendi muito cedo a dar valor ao
trabalho e à gestão e estar cercado de pessoas competentes e engajadas”, disse,
em nota.
6º – Gilson Lari Trennepohl (PL): R$ 323.854.778,00
Atual vice-prefeito de
Não-Me-Toque (RS), município de quase 18 mil habitantes no norte gaúcho, Gilson
Trennepohl (PL) informou ser dono de um patrimônio de R$ 323,8 milhões. Entre
os 50 bens declarados, os maiores valores figuram em quotas de empresas,
totalizando R$ 174,4 milhões.
Tentando a reeleição
ao mesmo cargo, Trennepohl declarou quase metade do que tem agora nas eleições
de 2020, quando concorreu pelo DEM, totalizando R$ 163 milhões. O empresário
também possui ativos financeiros, como produtos de investimento e crédito
decorrente de empréstimos, além de R$ 3 milhões em terrenos, R$ 2,6 milhões em
veículos, incluindo um caminhão-trator, apartamentos e outros imóveis.
Procurada pelo
Estadão, a assessoria jurídica do partido do candidato informou que ele não vai
comentar sobre a declaração de bens.
5º – João Carlos
Ribeiro (PSB): R$ 388.739.199,00
Vice-prefeito em chapa
em Pontal do Paraná, no litoral paranaense, João Carlos Ribeiro (PSB) declarou
ao TSE um patrimônio de R$ 388,7 milhões. A maior parte, R$ 305 milhões, é
referente a ações da holding JCR. O candidato também tem outras participações
em empresas, além de cinco apartamentos, um helicóptero, terrenos, obras de
arte e embarcações e jet-skis.
Nas eleições
municipais de 2020, o candidato tentou concorrer ao cargo de prefeito pelo PSC,
mas foi declarado inapto pela Justiça Eleitoral. Na ocasião, ele declarou R$
1,55 bilhão em bens, quase quatro vezes mais que agora. Procurada pelo Estadão,
a campanha do candidato não quis fazer comentários sobre a presença dele na
lista.
4º – Mauro Cristianini
(PP): R$ 530.300.419,00
Tentando a reeleição
no cargo de vice-prefeito de Maracaju, no Mato Grosso do Sul, Maurão (PP)
informou no registro de candidatura possuir R$ 530,3 milhões em bens. O
comerciante, como declarou ser sua ocupação ao TSE, possui fazendas, chácaras e
terrenos, totalizando R$ 310,7 milhões, além de R$ 132 milhões em quotas de
empresas, aplicações, produtos financeiros, duas casas e uma embarcação, entre
outros.
Em 2020, o patrimônio
declarado foi de R$ 81,6 milhões – 6,5 vezes menor do que o atual. Procurada
pelo Estadão, a campanha do candidato afirmou que a evolução patrimonial do
produtor rural, pecuarista e empresário rural é decorrente da venda de uma
empresa para uma multinacional, valor incorporado ao patrimônio, e que ele atua
há cerca de 30 anos no setor. “Ele se desfez da sua empresa, incorporando a
venda no patrimônio pessoa física, por isso a evolução foi tão grande”, disse a
assessoria do candidato, afirmando que tudo foi declarado ao Fisco.
“A função pública de
qualquer cargo eletivo, não é encarada como profissão, e sim uma contribuição
ao município, através da sua experiência vitoriosa de vida”, disse a campanha,
em nota.
3º – Jonas Afonso de
Moraes (Podemos): R$ 617.900.000,00
O empresário, de 59,
anos informou ao TSE ter quotas em cinco empresas, no valor de R$ 617,9
milhões. Não há outros bens declarados, como imóveis e veículos, além das
empresas. O candidato a vereador em Mogi das Cruzes (SP) já passou pelo PRP e
pelo PSC, antes de se filiar ao Podemos, sigla com que chega ao pleito de 2024.
Ele se elegeu vereador suplente em Itaquaquecetuba (SP) em 2004, 2008 e 2012.
Ao Estadão, o
candidato disse que as cinco empresas que declarou são do ramo imobiliário e
foram adquiridas recentemente, por isso não foram declaradas em 2016, quando
disputou como vice-prefeito de Itaquaquecetuba pelo PSC, e a chapa não foi
eleita. Naquele ano, o patrimônio declarado foi de R$ 598,8 mil – entre
veículos, uma casa e quotas de capital de empresas.
2º – Cleri Camilotti
(PDT): R$ 1.542.273.920,00
Um dos dois
bilionários da lista é o candidato a prefeito de Dois Irmãos (RS), a 60
quilômetros da capital Porto Alegre, Cleri Camilotti (PDT). O empresário
declarou mais de R$ 1,5 bilhão em bens à Justiça Eleitoral. O item de maior
valor são quotas na empresa do setor energético RGSC Ambiental, que
correspondem a 99,3% do patrimônio do candidato. Segundo dados públicos sobre a
companhia, o capital social dela é de mais de R$ 4 bilhões.
O candidato também
declarou outras quotas em empresas, um prédio comercial de R$ 2,5 milhões, um
apartamento de R$ 155,9 mil, entre outros bens.
Camilotti já foi
prefeito do município antes, eleito em 2008 pelo PTB, e reeleito em 2012 pelo
mesmo partido. Na primeira eleição, há 16 anos, o candidato declarou R$ 270,4
mil. No pleito seguinte, o valor do patrimônio informado à Justiça Eleitoral
foi três vezes maior, de R$ 846,7 mil. Procurada pelo Estadão, a campanha do
candidato não quis comentar sobre o patrimônio.
1º – João Henrique
Pinheiro (PRTB): R$ 2.851.300.000,00
Postulante ao cargo de
prefeito de Marília, João Pinheiro (PRTB), de 39 anos, é o mais rico entre
todos os candidatos das eleições municipais de 2024. Empresário que estreia na
política, ele declarou ter um patrimônio de R$ 2,85 bilhões relacionados a uma
empresa de exportação de produtos agropecuários.
O candidato informou
ter 95% das participações da empresa Sugar Brazil, que comercializa derivados
de açúcar. Ele também disse ter R$ 1 milhão das quotas de capital da empresa
Das Marias Agropecuária. Outro bem declarado ao TSE foi R$ 300 mil de caderneta
de poupança da Caixa Econômica Federal.
Ao Estadão, Pinheiro
disse ser dono de oito aviões, sendo cinco jatos e três bimotores. Ele também
afirmou que possui três helicópteros e 12 carros. Nenhum desses bens foi
declarado ao TSE. Pinheiro explicou que não o fez porque fica pouco tempo com
os veículos, já que costuma trocá-los ao longo do ano. “São ativos e,
geralmente, faço muitas permutas em negócios”, afirmou.

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