O SIGNIFICADO DA VIDA

sexta-feira, 8 de março de 2024

Mulheres, elejam mais mulheres

 






Mulheres, elejam mulheres que sintam a dor das outras e não que busquem benefícios próprios, mas que guerreiem por aquelas que estão sem amparo.

Importantes na vida de todos desde o início da história humana, as mulheres também são fundamentais na política, para lutar por igualdade e assegurar que as legislações atendam às necessidades delas e de todos os cidadãos. Mas a presença feminina ainda é muito aquém do necessário na política do Brasil e do mundo. Em nosso país, na Câmara de Deputados, apenas 15% dos parlamentares são mulheres; no Senado Federal, a representação é ainda menor: 12%. Nas casas legislativas estaduais, dos 1.060 deputados, somente 163 são mulheres. Na Bahia, dos 63 parlamentares, há apenas 10 mulheres.

Com 36 anos de vida pública, a deputada federal Lídice da Mata já tem de 3.124 projetos de lei apresentados na Câmara. Em entrevista ao bahia.ba, a ex-prefeita de Salvador resume sua sensação ao longo da jornada, e destaca a necessidade urgente de mais medidas efetivas de combate à violência contra a mulher.

“É sempre satisfação poder ajudar, mas também fica a sensação de incompletude, ou seja, nós sabemos que ao resolver um caso (de feminicídio) é um grão de areia apenas. Nóss precisamos ter possibilidade de resolver definitivamente a situação da violência contra mulher, e isso só será possível com uma mudança de comportamento em conjunto com a sociedade, inclusive de mulheres que muitas vezes estão nessa posição de violentadas em função da sua própria atitude de encorporação do machismo. É preciso mexer na visão do papel da mulher e do papel do homem na sociedade, mexer nesta cultura de propriedade que tem o homem sobre a mulher para fazer com que a mulher seja libertada deste peso, e o homem também, livre deste peso, possa construir uma sociedade mais igualitária, mais democrática.”

A deputada afirma que, durante sua vida política, um caso em particular a chocou. Foi o caso de Mariana Ferrer, que, ao denunciar estupro, foi desrespeitada pelos advogados de defesa do acusado, que foi inocentado pela Justiça. “Nesse período houve uma mobilização das deputadas, eu, inclusive, entre essas. Fiz o texto que foi aprovado (na Câmara dos Deputados), com relatoria da deputada Alice Portugal, que se transformou na Lei Mariana Ferrer. Essa é uma das consequências diretas dessa escuta que nós fazemos às mulheres, seja em um bairro popular, seja em uma atividade de organização profissional, seja em nosso gabinete quando recebemos mulheres”, afirma Lídice da Mata.

No exercício de seu segundo mandato na Câmara Municipal de Salvador, a vereadora Ireuda Silva (Republicanos), reeleita com uma das maiores votações em 2020, é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e vice-presidente da Comissão de Reparação da Casa. Também em entrevista ao bahia.ba, ela destaca sua luta diária pelos direitos femininos. Ireuda se orgulha de ter apresentado 86 proposições ao Legislativo de Salvador apenas em 2023.

“Nesses quase oito anos de atuação como parlamentar, tivemos conquistas significativas, que hoje são políticas públicas permanentes – ou estão em vias de se tornar. Cito como exemplo o Simm Mulher, criado pela prefeitura através de uma iniciativa minha aprovada pela Câmara. Entre o final de 2020 e o início de 2024, quase 5 mil mulheres foram capacitadas e encaminhadas ao mercado de trabalho, muitas das quais eram vítimas de violência. Há também a Guardiã Maria da Penha, que está sendo implantada na Guarda Municipal. E recentemente a prefeitura abriu seleção de estágio com reserva de 10% das vagas para filhas de mulheres vítimas de violência. Trata-se do programa Nova Fase, que criei no ano passado e foi aprovado por unanimidade pela Câmara. Além disso, há a regulamentação da profissão de trancista, majoritariamente feminina e negra, que já está em curso no Ministério do Trabalho e também é fruto de projeto de minha autoria.”

Para a vereadora, ajudar outra mulher, principalmente sendo vítima de violência, é muito recompensador. “O machismo estrutural tenta nos fazer sentir impotentes todos os dias. Neste momento em que estou como vereadora, venho tendo uma possibilidade maior de contribuir e atuar nesse sentido. Mas quero deixar claro que todos nós, independentemente da profissão que exercemos, podemos ajudar nessa luta. Seja amparando uma vítima, ajudando a denunciar, seja até mesmo contribuindo com informações no dia a dia. Mulheres e homens têm o dever de erradicar esse mal que destrói tantas famílias.”

Ireuda Silva afirma que, apesar da dedicação profissional, seus filhos são “o centro” de sua vida. Como mãe, teve que se “desdobrar em três para conciliar trabalho, fora e atividades domésticas”. “Infelizmente, ainda vivemos sob a mentalidade de que a responsabilidade de cuidar dos filhos é quase toda da mulher. No meu dia a dia enquanto vereadora, procuro dar o melhor de mim ao povo que me elegeu, lutar pelos direitos da mulher e me posicionar firmemente sempre que o machismo tenta me subjugar. Precisamos nos posicionar sempre, em todos os aspectos da vida.”

A vereadora diz que ser mulher negra em um país como o Brasil “nos transforma em seres políticos desde o nascimento”. Ireuda relata que já foi vítima de racismo. “O sentimento é o pior de todos: impotência e anulação”. “Um dos mecanismos do racismo é justamente nos fazer sentir inferiores, nos fazer pensar que somos menos capazes, menos humanos. Ele não tenta nos vencer apenas pela exclusão, mas pela visão que tenta nos incutir em relação a nós mesmos. E ninguém está livre de passar por isso, independentemente da nossa condição financeira ou do espaço que ocupamos.”

Mulheres, elejam mulheres que sintam a dor das outras e não que busquem benefícios próprios, mas que guerreiem por aquelas que estão sem amparo. Elejam mulheres para criar leis, projetos que garantam direitos iguais às mulheres do Brasil. Este poder está nas mão de todas vocês. Este poder está nas mãos de todos os cidadãos.

Esther Silva / Romulo Faro

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