O ligeiro aumento de exigência para ultrapassar
a cláusula de barreira nas eleições de 2022 já foi suficiente para ameaçar a
existência de mais da metade dos partidos políticos brasileiros. Das 32 siglas
atuais, apenas 13 conseguiram preencher os requisitos para permanecer atuando
de forma plena, com as demais ficando excluídos da distribuição de recursos nas
próximas eleições.
A cláusula de barreira foi adotada pela
primeira vez no Brasil em 2018, com previsão legal de aumentar os requisitos a
cada eleição. Em 2022, para atingir o desempenho necessário, cada partido teve
de atender a uma de duas alternativas: uma é atingir 2% dos votos válidos para
deputado federal, distribuídos em ao menos nove estados, com ao menos 1% de
votos válidos em cada estado. Outra alternativa é eleger ao menos 11 deputados
federais, distribuídos em ao menos nove estados.
Um dos partidos que não cumpriram essa margem
foi o Pros, detentor da Fundação da Ordem Social. Esta realizou um estudo de
quais partidos conseguiram e quais falharam em atender à cláusula de barreira
de 2022.
Confira a seguir a lista de quais partidos
tiveram desempenho inferior ao estabelecido na cláusula, e quantos deputados
elegeram:
–Patriota: 4
–PSC: 6
–PTB: 1
–Solidariedade: 4
–Pros: 3
–Novo: 3
–PCB: 0
–UP: 0
–Agir: 0
–PMN: 0
–PMB: 0
–DC: 0
Sem acesso ao fundo eleitoral
O não atendimento aos requisitos da cláusula de
barreira não determina necessariamente o fim dos partidos, mas compromete
seriamente seu funcionamento: financeiramente, eles ficam sem acesso ao fundo
eleitoral e partidário, bem como ao tempo de transmissão de rádio e televisão,
principal moeda de troca das pequenas legendas. Em exercício, os partidos ficam
incapazes de segurar seus parlamentares, que ficam autorizados a mudar de sigla
sem perda de mandato.
Caso queiram escapar dessas restrições, cada
partido tinha duas alternativas possíveis: uma era a formar uma federação cuja
soma dos votos fosse suficiente para atender à cláusula. Opção que fizeram, por
exemplo, PV e PCdoB ao formar federação com o PT, ou o Cidadania ao se unir ao
PSDB. Com isso, porém, tais partidos perdem autonomia, com a federação se
comportando como um único partido e com uma única liderança. Por outro lado, os
partidos preservam seu registro e seu acesso a recursos eleitorais.
Outra alternativa seria a fusão entre os
partidos: seja com pequenos partidos anexando uns aos outros até juntar um
tamanho suficiente para sobreviver, seja permitindo a incorporação por parte de
um partido maior. Esse caminho já possui efeito permanente, e foi a solução
adotada pelo antigo PHS, incorporado pelo PCdoB na última legislatura, e também
o antigo PRP, fundido com o Patriota.
Em 2026, a cláusula de barreira cresce
novamente: o mínimo de 11 deputados passa para 13, e o mínimo de 2% de votos
válidos sobe para 2,5%. Essa porcentagem ainda deverá subir novamente em 2030,
com o mínimo de 15 deputados ou 3% dos votos válidos. Esse aumento existe não
apenas no Brasil como também em outros países que adotam o sistema eleitoral
proporcional, e serve para evitar o excesso de fragmentação das bancadas no
parlamento.
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