O Consórcio Nordeste
pagou cerca de R$ 50 milhões por respiradores que nunca recebeu. Publicada
nesta sexta-feira, 21, reportagem da revista Veja mostrou como funcionava o
esquema chefiado por governadores petistas. A notícia obteve documentos de uma
investigação sigilosa. Ao analisar contratos do Consórcio Nordeste, a Polícia
Federal descobriu que uma das empresas envolvidas, a Hempcare, comercializava
produtos à base de canabidiol. Durante o debate na Band contra Lula, o
presidente Jair Bolsonaro citou a companhia, indiretamente. “A CPI não quis
investigar R$ 50 milhões torrados em uma casa de maconha”, disse Bolsonaro:
“Não chegou nenhum respirador, e daí, sim, irmãos nordestinos morreram por
falta de ar".
Sem nenhuma
experiência no ramo, a companhia fechou o contrato milionário com o Consórcio
Nordeste para importar 300 respiradores oriundos da China. A proeza só foi
possível porque o “laranja” aceitou pagar 25% do valor total para
intermediadores, que se anunciavam como pessoas com amplo trânsito junto ao
governador da Bahia, Rui Costa (PT), então presidente do consórcio.
Em abril do ano
passado, a Polícia Federal cumpriu 14 mandados de busca e apreensão em três
Estados, mais o Distrito Federal. À época, a dona da Hempcare, Cristiana
Taddeo, foi presa, além de seu sócio, Paulo de Tarso. Ambos conseguiram deixar
a cadeia. A Polícia Federal atua no âmbito de uma investigação do Superior
Tribunal de Justiça que tenta punir os responsáveis e recuperar os milhões
desviados.
Segundo Veja, liberado
o dinheiro, Cristiana transferiu R$ 3 milhões para um intermediário amigo do
governador da Bahia. À polícia, Cristiana afirmou que sabia que o pagamento não
era devido a uma suposta consultoria, e disse que o “consultor” Cleber Isaac, o
destinatário da bolada, tinha “influência política”. O dinheiro foi remetido
para uma empresa em nome de familiares de Isaac. Já Fernando Galante, locatário
de uma sala comercial utilizada por Cristiana, recebeu outros R$ 9 milhões, reservados
para a compra dos respiradores. Nesse caso, também houve emissão de nota
fiscal. Registrada sob o número 00000002, era a segunda nota que uma tal Gespar
Administração de Bens emitia na vida.
“Para os
investigadores, o indício mais impressionante da conivência do consórcio com os
golpistas está registrado na nota de liquidação de empenho, o equivalente a uma
nota fiscal para a compra dos respiradores, formalizada pela
secretaria-executiva do grupo, comandada pelo ex-ministro petista Carlos Gabas”,
informou Veja. “O documento, que confirma o pagamento de R$ 48 milhões à
Hempcare, afirma categoricamente que os respiradores, que nem sequer haviam
sido comprados, já tinham até sido entregues aos governadores nordestinos e
‘aceitos em perfeitas condições’.”
Sem comentários:
Enviar um comentário
obrigado pela sua participação grato
por sua visita!...e fique a vontade para opinar.