Cientistas identificaram um novo
e enigmático vírus cujo genoma parece ser totalmente novo para a ciência,
possuindo genes desconhecidos. O Yaravírus, como foi chamado, foi encontrado no
Lago da Pampulha, em Belo Horizonte. A equipe de pesquisa afirma que se trata
de “uma nova linhagem de vírus amebal com origem e filogenia intrigantes”.
Para dois membros do grupo,
Bernard La Scola, da Universidade Aix-Marselha, na França, e Jonatas Abrahão,
da Universidade Federal de Minas Gerais, esta não foi a primeira descoberta do
tipo. Há dois anos, a dupla ajudou a encontrar outra espécie viral que habita a
água, o Tupanvírus.
Essas formas virais muito maiores
foram descobertas apenas neste século, mas também por conta dos genomas mais
complexos, dando a eles a capacidade de sintetizar proteínas e, portanto,
executar coisas como reparo do DNA, além de replicação, transcrição e tradução
de DNA. Antes dessas descobertas, pensava-se que coisas assim não eram
possíveis, fazendo com que os vírus fossem considerados criaturas inertes e
não-vivas, capazes apenas de infectar seus hospedeiros.
O grande diferencial do
Yaravírus, porém, é o quão único é seu genoma. “Muitos dos vírus conhecidos da
ameba compartilham muitos recursos que eventualmente levaram autores a
classificá-los em grupos evolutivos comuns”, escreveram os pesquisadores. “Ao
contrário do que é observado em outros vírus de ameba, o Yaravírus não é
formado por uma partícula grande com genoma complexo, mas, ao mesmo tempo,
carrega um número importante de genes anteriormente não descritos”,
acrescentaram.
Durante as investigações, os
pesquisadores descobriram que mais de 90% dos genes do vírus nunca haviam sido
descritos antes. Apenas seis genes encontrados apresentavam uma semelhança
distante com algum já documentado em bancos de dados científicos públicos.
“Seguindo os atuais protocolos metagenômicos para detecção viral, o Yaravírus
nem seria reconhecido como um agente viral”, afirmaram os pesquisadores.
Quanto ao que é o Yaravírus, os
cientistas só podem especular por enquanto, mas sugerem que pode ser o primeiro
caso isolado de um grupo desconhecido de vírus amebal. Outra possibilidade é que
se trata de um vírus gigante que de alguma forma pode ter evoluído para uma
forma reduzida. De qualquer forma, está claro que ainda há muito a aprender
sobre os genomas do planeta.
Via: Science Alert
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