Suspeito de receber R$ 58 milhões do Grupo J&F, o ministro da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), foi alvo
de busca e apreensão da Polícia Federal na última quarta-feira, 19/12. Durante o
cumprimento da busca, os policiais federais encontraram R$ 301 mil no
apartamento do ministro em São Paulo (SP). A ação foi autorizada pelo ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que foi secretário de Kassab
durante sua gestão como prefeito de São Paulo, entre 2008 e 2012. A partir de
janeiro, Kassab será o secretário da Casa Civil do governo João Doria (PSDB),
em São Paulo. Além de Kassab, foram cumpridos mandados de busca em locais
relacionados ao governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), e ao
irmão do ministro, Renato Kassab. De acordo com a Polícia Federal, a ação teve
como objetivo “investigar o recebimento de vantagens indevidas”, entre os anos
de 2010 a 2016, por parte de Kassab. No pedido encaminhado a Alexandre de
Moraes, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, sustentou que os
repasses a Kassab foram feitos em duas situações distintas. Uma delas, entre
2010 e 2016, período em que Kassab teria recebido R$ 350 mil mensais,
alcançando, ao todo R$ 30 milhões. “O objetivo dos pagamentos era contar com
poder de influência do ministro em eventual demanda futura de interesse do
referido grupo”, afirmou a procuradora-geral. Os repasses teriam sido feitos por
meio de contratos falsos entre a J&F e uma empresa da família do ministro.
Na segunda ocasião, em 2014, segundo a Procuradoria Geral da República, foram
pagos R$ 28 milhões ao diretório nacional do PSD, na época, presidido por
Kassab. O objetivo dos pagamentos era garantir o apoio do PSD ao PT na disputa
presidencial de 2014. “Neste caso, o repasse foi operacionalizado por meio de
doações oficiais de campanha e outros artifícios como a quitação de notas
fiscais falsas. Também há registro da entrega de dinheiro em espécie”,
sustentou a procuradora-geral. De acordo com Raquel Dodge, parte dos pagamentos
efetuados foi feita quando Kassab já exercia o cargo de ministro no governo
Michel Temer (MDB).
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