O mês de setembro marca a luta contra um problema de saúde mundial
considerado grave: o suicídio. Por vários anos evitava-se falar sobre isso. Era
um assunto rodeado de tabus, o que não permitia enxergar quem estava mais
vulnerável. A Organização Pan-Americana da Saúde / Organização Mundial da Saúde
(OPAS/OMS) alerta que o suicídio é responsável por uma morte a cada 40 segundos
no mundo e é a segunda principal causa de morte entre as pessoas de 15 a 29
anos de idade. Segundo dados da
Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 800 mil pessoas morrem por
suicídio a cada ano. Desse número, aproximadamente 65 mil casos acontecem
anualmente em todo o continente americano. No Brasil, de acordo com a cartilha
do Ministério da Saúde, cerca de 11 mil pessoas tiram a própria vida por ano.
Confirmando essa estatística, o Hospital Santa Genoveva chegou a atender oito
casos de pacientes que tentaram tirar a própria vida no ano de 2017 e, neste
ano, de janeiro até o mês de agosto, já foram seis casos. Esses números foram
apurados por meio de registros do serviço social do Hospital. As causas mais
comuns são em decorrência de transtornos mentais, como esquizofrenia e
bipolaridade, bem como dependência química, alcoolismo e depressão. Mas, quando
há mais de um transtorno associado, o risco de tentar contra a própria vida é
maior. Para a psiquiatra do Hospital Santa Genoveva, Ana Carolina Chaves
Alucio, ter pensamentos de morte como única saída frente a algumas situações de
dor ou impotência extrema, é comum ao ser humano, mas definir se o fará ou não,
envolve uma série de fatores biológicos, emocionais, culturais, filosóficos e
religiosos. “É difícil definir o que leva uma pessoa a se matar. Acredito que
não haja uma única causa, mas um conjunto de fatores que leva o indivíduo ao
ato. Estudos sugerem que 90% das vítimas de suicídio tinham alguma doença
mental, o que pode não ser determinante, mas expõe a pessoa a uma
vulnerabilidade maior ao ato”, conta Ana Carolina. Segundo a psiquiatra, existem alguns sinais que podemos observar quando
o indivíduo está com intenção suicida. “A maioria das pessoas, antes de tentar
tirar a própria vida, fala sobre isso com alguém e tem mudanças repentinas de
hábitos e humor. Apesar de as mulheres tentarem mais o suicídio que os homens,
são eles os que, majoritariamente, chegam às vias de fatos, pois utilizam meios
mais agressivos e letais”, afirma Alucio. “Estima-se que 50% das pessoas que
suicidaram já haviam tentado anteriormente. Essa é uma questão de saúde pública
grave. Demonstra o maior grau do sofrimento humano. É importante, cada vez
mais, falarmos sobre esse tema, levarmos informação e, principalmente,
solidariedade às pessoas”, finaliza a médica.
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