Os consumidores de energia
elétrica terão que pagar mais para cobrir o custo dos subsídios do setor. A
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira, 4, a
revisão do orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), taxa embutida
na conta de luz que banca programas sociais, descontos tarifários e empréstimos
subsidiados para o setor. Para que seja possível conceder esses benefícios,
todos os consumidores precisam pagar contas mais altas. A proposta da Aneel,
apresentada no dia 7 de agosto, previa que seria necessário aumentar a
arrecadação em R$ 1,446 bilhão. Porém, após a audiência pública, o órgão
regulador decidiu elevar o valor necessário para bancar as despesas da CDE em
R$ 1,937 bilhão. Segundo o relator, diretor Rodrigo Limp, os gastos do fundo
setorial serão mais altos do que o previsto, enquanto as receitas serão mais
baixas do que o projetado. A CDE é um fundo setorial que concede benefícios a
diversos grupos de interesse, como a tarifa social da baixa renda e o programa
Luz para Todos. A CDE é um fundo setorial que concede benefícios a diversos
grupos de interesse, como a tarifa social da baixa renda e o programa Luz para
Todos, descontos para diversos grupos, como agricultores e irrigantes,
subsídios para energias renováveis e para a compra de carvão, empréstimos
subsidiados para as distribuidoras da Eletrobrás, compra de combustível para
usinas termelétricas em regiões isoladas, entre outros. O orçamento do fundo neste
ano era de R$ 18,843 bilhões, dos quais R$ 16,019 bilhões seriam pagos pelos
consumidores e o restante por receitas próprias. Porém, com a queda das
receitas e aumento dos gastos, o orçamento teve que ser elevado para R$ 20,053
bilhões. “Esse é o custo da política pública”, disse o diretor-geral da Aneel,
André Pepitone. Os principais itens que levaram ao aumento do custo foram os
gastos com compra de carvão mineral, elevados de R$ 752 milhões para R$ 850
milhões; o combustível usado para abastecer termelétricas de regiões isoladas
no Norte do País, de R$ 5,346 bilhões para R$ 5,849 bilhões; os subsídios para
grupos de interesse, que subiram de R$ 6,944 bilhões para R$ 8,362 bilhões; a
subvenção para cooperativas, de R$ 155 milhões para R$ 179 milhões. Foram
cortadas as despesas com o programa Luz para Todos, de R$ 1,172 bilhão para R$
941 milhões; os descontos tarifários na transmissão, de R$ 503 milhões para R$
362 milhões; e a reserva técnica, de R$ 460 milhões, que foi utilizada. Ficaram
inalteradas as despesas com itens como restos a pagar, tarifa social da baixa
renda e a remuneração do administrador do fundo. O aumento do gasto será
repassado aos consumidores na data do reajuste tarifário de cada distribuidora,
mas já vem sendo aplicado desde o início de agosto. Para as empresas que já
tiveram reajuste tarifário neste ano, o valor só será repassado em 2019. O
pedido de revisão do orçamento da CDE foi solicitado pela Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que administra o fundo setorial e
informou a existência do déficit à Aneel. A analista técnica da diretoria de
Energia da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia
(Abrace), Natália Moura de Oliveira, lamentou o aumento do orçamento da CDE e o
repasse do custo aos clientes. “Aumentar o custo do subsídio é aumentar a
ineficiência do setor”, afirmou.
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