Os frequentes aumentos no preço
da energia elétrica, nos últimos dois anos, levaram os brasileiros a se
interessar por outros tipos de energia, especialmente a solar. O setor
registrou um crescimento de 300% em 2016 em relação a 2015 e continua a toda
potência no início deste ano.
Uma recente pesquisa encomendada
pela Ong Greenpeace ao Datafolha mostrou que 80% dos brasileiros estão conscientes
de que podem gerar sua própria energia solar e 72% estaria disposto a fazê-lo.
“É claro que o fato de ser uma energia renovável é importante, mas o que mais
motiva os consumidores é a possibilidade de economizar. Em 2015, a média
nacional de aumento da conta de luz foi 50%, em 2016 foi 30%, e isso pesa muito
no bolso dos brasileiros”, avalia a coordenadora da campanha de Energias
Renováveis do Greenpeace, Bárbara Rubim.
Mas segundo ela, dois detalhes
poderiam acelerar a micro e minigeração de energia no Brasil: mais informações
aos consumidores e um esforço maior da parte do governo para financiar projetos
de energia solar. Bárbara Rubim ressalta que, entre as possibilidades de gerar
sua prória energia em casa, a solar é a mais barata, embora o investimento
inicial seja alto. “Calculamos um investimento de R$ 15 mil para uma residência
de quatro pessoas, mas, considerando as economias, esse valor seria reembolsado
em uma média de sete anos”, salienta.
A coordenadora da campanha de
Energias Renováveis do Greenpeace enfatiza que o investimento é inicialmente
alto, mas poderia ser aliviado caso o governo pemitisse, por exemplo, que o
consumidor utilizasse seu FGTS para comprar a tecnologia. “Se os brasileiros
pudessem ter acesso a esse mecanismo, gerar sua energia seria uma realidade
para uma parcela muito maior da população”, reitera.
Quem já gera energia solar no
Brasil?
De acordo com Rodrigo Sauaia,
presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), no
Brasil, a geração de energia solar pode ser dividida em dois grandes segmentos
de mercado: a centralizada – que são as usinas de grande porte que produzem
energia e a distribuem aos consumidores -, e a distribuída, que são sistemas
instalados nos telhados de residências, comércios, indústrias e prédios
públicos. “Hoje, a maioria dos usuários desses sistemas, 79%, são pessoas em
suas próprias casas gerando energia solar fotovoltaica para reduzir seus gastos
de energia elétrica e contribuir com o meio ambiente”, diz.
Sauaia indica que cerca de 15%
dos projetos para geração de energia solar no Brasil são realizados por prédios
comerciais, como farmácias, supermercados, postos de gasolina, além de empresas
que trabalham com prestação de serviços, como escritórios de engenharia,
arquitetura, advocacia, clínicas médicas. “Isso acontece porque, no país, gerar
energia através de sistemas fotovoltaicos já é mais barato do que comprar essa
energia de terceiros. Faz muito sentido as pessoas fazerem o uso dessa
tecnologia.”
Além das vantagens do baixo custo
e de ser uma energia limpa, o Greenpeace ressalta que imóveis que utilizam hoje
a energia solar também têm uma maior valorização no mercado imobiliário.
Expansão do setor estimula a
criação de novas tecnologias
De olho na expansão deste setor,
as empresas vêm diversificando e apresentando novas tecnologias. É o caso da
francesa Ciel & Terre, que o oferece um novo sistema, de geração de energia
solar sobre a água. A empresa criou o Hydrelio, um produto único no mercado
mundial para usinas flutuantes de geração solar. “Nosso trabalho tem muito a
ver com a matriz energética brasileira, onde a geração hidrelétrica é muito
importante, devido às condições naturais do próprio país, que tem uma imensa
quantidade de rios de água doce”, ressalta o sócio-diretor da Ciel & Terre
no Brasil, Orestes Gonçalves.
Aproveitando as características
naturais do Brasil, a geração de energia também pode ser híbrida, salienta o
empresário. “Com a quantidade de rios e forte incidência solar, o país tem um
potencial enorme e pode elevar a sua potência de geração de energia fazendo
duas fontes operar ao mesmo tempo em uma única infraestrutura”, observa.
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