O Partido Novo nasce com práticas
velhas: os 13 integrantes da direção nacional têm mandato vitalício.
Com proposta de trazer até no
nome a novidade, o Partido Novo, conseguiu na noite desta terça-feira 15/09, o
seu registro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), traz em seu estatuto a
institucionalização de uma prática bastante antiga e criticada: ‘o dono da
legenda’. No caso da futura sigla, 13 donos, que são os membros do Diretório
Nacional.
JOÃO DIONISIO AMOÊDO
Presidente |
No entanto, ao contrário do que
ocorre nas chamadas legendas de aluguel, cujos presidentes se mantêm no cargo
graças a conchavos políticos, no Novo é em seus documentos que se estabelece,
antes mesmo de se tornar oficial, que o mandato dos 13 caciques é vitalício.
A regra poderia ser apenas uma
incoerência, diante do discurso de que a agremiação é necessária para moralizar
a política. Eles prometem, por exemplo, defender o fim do fundo partidário —
dinheiro público dividido entre as siglas para a sua manutenção — e garantem
que seus quadros eleitos no Congresso não poderão se reeleger.
Entretanto, a aparente
contradição é mais do que a simples ordenação interna da futura sigla. A norma
contraria a Lei dos Partidos Políticos. A legislação determina que o estatuto
estabeleça prazo para o fim dos mandatos e que filiados, em dia com a
agremiação, tenham igualdade de direitos e deveres, como votar e ser votado.
Isto, porém, não é respeitado
pela nova legenda, segundo interpretação de cinco especialistas em Direito
Eleitoral ouvidos pelo DIA . Diz o documento do Novo: “Os mandatos dos membros
do Diretório Nacional são de prazo indeterminado, até que o respectivo
dirigente atinja 75 (setenta e cinco) anos de idade.”
Para Paulo Sésar Salomão Filho,
presidente da Comissão Eleitoral da OAB, “a lei não estabelece o tempo dos
mandatos dos dirigentes partidários, mas determina que se declare o tempo para
que se realizem eleições” e “o indeterminado é claramente um desrespeitar à
legislação”.
“O TSE não analisou o estatuto
neste detalhamento, mas me parece que neste ponto há um flagrante desrespeito à
Lei dos Partidos”, afirmou Sésar Salomão, para quem a regra é “estranha” e
“deve ser questionada na Justiça”.
Os criadores do Partido Novo —
ligados ao mercado financeiro — conseguiram a validação pelo TSE de 497 mil
assinaturas das 502 mil que entregaram à Justiça Eleitoral. Tribunais
eleitorais de nove estados já deram ‘OK’ para a legenda. Inicialmente, São
Paulo, Rio, Minas, Distrito Federal, Mato Grosso, Rondônia, Rio Grande do
Norte, Goiás e Espírito Santos terão diretórios.
Para o presidente do Novo, João
Dionísio Amoedo, membro do Conselho Administrativo da construtora João Fortes
Engenharia e com passagens pelo Citibank, Itaú-BBA e Unibanco, não há
irregularidade no estatuto.
‘HOUVE ORIENTAÇÃO JURÍDICA’,
declara JOÃO DIONÍSIO AMOEDO, PRESIDENTE DO NOVO.
Entre as 40 agremiações em
processo de registro, o Partido Novo é a que está mais próxima de sair do
papel. João Dionísio Amoedo, presidente nacional da sigla, defende seu estatuto
e afirma que a gestão do Novo se valerá da meritocracia.
1. Não é contraditório manter de
forma vitalícia seus dirigentes, como donos?
— Nos preocupamos em fazer o Novo
com ideias claras e firmes, mas tememos que, em seguida, viessem grupos e o
descaracterizassem. A gestão que defendemos para o país é pelo viés
democrático, onde todos votam, mas no Novo a gestão será por meritocracia.
2. É legal?
— Recebemos orientação jurídica
de nossos advogados.
3. Por que criar um novo partido?
— Quando começamos a nos reunir,
em 2009, pensávamos em criar um movimento que melhorasse a gestão pública. Mas
vimos que era preciso mudar o fazer político. Queremos trazer as pessoas para a
política e, para isso, é melhor que tivéssemos uma nova legenda. 71% das
pessoas não se sentem representadas por nenhuma que está aí.
4. Há receio de que digam ser o
Novo um partido do setor financeiro?
— É um risco, mas vamos chamar as
pessoas para debater ideias. O que prega o Partido dos Trabalhadores, por
exemplo, sobre o FGTS? Forçam o trabalhador a economizar na Caixa, com
rendimento menor que o da poupança, utilizam o dinheiro para financiar empresas
privadas. Nós defendemos que o FGTS seja opcional. A pessoa decide se quer e
onde investir. Chamaremos para debater ideias.
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