O relator da comissão especial que discute a reforma política
na Câmara dos Deputados, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), afirmou que o texto
a ser apresentado nesta terça-feira (12) na comissão prevê o fim da reeleição
para o Executivo (prefeito, governador e presidente) e mandatos de cinco anos
para todos os eleitos, incluindo senadores, deputados federais, estaduais e
vereadores.
Castro deu as informações na noite desta segunda-feira (11)
em entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura. Como o texto que será
apresentado na comissão trata-se de uma proposta de emenda à Constituição
(PEC), depois de ser aprovado no colegiado, precisará da aprovação de ao menos
3/5 do plenário da Câmara (308 deputados) e 3/5 do plenário do Senado (49
senadores).
Segundo ele, o relatório propõe eleições simultâneas para
todos os cargos a cada cinco anos – atualmente, há eleições a cada dois anos
(para prefeitos e vereadores; e para presidente, governadores, senadores e
deputados).
Para se permitir a coincidência, haveria uma etapa de
transição pela qual, na próxima eleição, prefeitos e vereadores teriam um
mandato de somente dois anos. Esta eleição seria, no entanto, segundo Castro, a
última em que os eleitos poderiam ser reeleitos, podendo permanecer ate sete
anos no poder.
“[O texto prevê] o fim da reeleição para os cargos executivos
- prefeitos, governadores e presidentes da República. Achamos que foi um
equívoco no passado que precisamos corrigir agora”, disse o parlamentar.
“Também [queremos] aprovar as coincidências de todas as
eleições, eleições unificadas no Brasil inteiro de vereador a presidente. O
próximo mandato para vereador e prefeituras [eleições de 2016] seria de dois
anos. Depois, em 2018, todos mandatos seriam de cinco anos, incluindo senador
[atualmente de oito anos]”, explicou.
Segundo o deputado, o relatório também prevê que os três
senadores de cada estado sejam escolhidos na mesma eleição. Atualmente, há um
revezamento e, a cada quatro anos, um ou dois senadores são eleitos para
mandatos de oito anos.
Pelo texto, também passa a ser diferente a forma de escolha
dos senadores suplentes. Atualmente, os suplentes concorrem na mesma chapa do
candidato a senador. Pelo relatório, os suplentes de cada estado seriam o quarto,
o quinto e o sexto mais votados.
O relatório do peemedebista também mantém o voto obrigatório.
"A maioria dos membros da comissão] se mostrou a favor do voto
obrigatório. As pessoas acharam que, como as eleição são agora só de cinco em
cinco anos, e como o voto é um dever, optou-se por manter o voto
obrigatório", afirmou.
Coligações
A proposta do relator, articulada, segundo Castro, a partir
de discussões com os membros da comissão, prevê ainda o fim das coligações
proporcionais, pela qual partidos se unem para disputar eleições para deputado
e vereador.
O sistema atual permite a união de partidos nessas eleições.
Na hora de votar, o eleitor pode escolher um candidato (voto nominal) ou apenas
o partido (voto de legenda). Quanto mais votos uma coligação obtiver (somando
nominais e na legenda), mais vagas terá no Legislativo. Na prática, coligações
com candidatos capazes de obter grandes votações (os chamados "puxadores
de votos") e/ou muitos votos na legenda conseguem eleger também candidatos
pouco votados. Por isso, é comum ver um candidato ser eleito mesmo obtendo
menos votos que outro, de outra coligação.
A proposta também deverá ter um modelo de escolha de
deputados e vereados que ficou conhecido como distritão, em que são eleitos os
candidatos mais votados da cidade ou do estado. O modelo se contrapõe ao atual
sistema proporcional com lista aberta, em que o número de votos do partido ou
coligação define que sigla tem direito de ocupar as vagas em disputa. Com base
nessa conta, o candidato mais bem colocado de cada partido entra.
O modelo do distritão é defendido pelo presidente nacional do
PMDB e vice-presidente da República, Michel Temer. Castro, no entanto, defende
o voto distrital misto, que combina o sistema distrital com o proporcional. “A
noção do distritão é um voo cego, um salto no escuro, embora esteja discordando
aqui do meu presidente do PMDB”, declarou.
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