Cafeicultura de Minas
Gerais ganha reforço de microrganismos inteligentes, enquanto Superbac
consolida presença em polos estratégicos do estado
A maior frente
cafeeira do mundo está em Minas Gerais, estado que concentra cerca de 1,38
milhão de hectares de café e responde, sozinho, por mais de um terço da
produção nacional, de acordo com a Conab.
Em um cenário de clima mais irregular, custos altos e pressão por
sustentabilidade, a biotecnologia começa a redesenhar o manejo das lavouras, e
empresas como a brasileira Superbac ganham espaço ao levar microrganismos
benéficos para dentro do pellet de adubo, com reflexos diretos no enraizamento,
na nutrição e na estabilidade de safra.
Segundo a Embrapa
Café, a safra brasileira de 2024 somou 54,21 milhões de sacas de 60 kg, sendo
73% de café arábica, consolidando o país como maior produtor e exportador
mundial. Em 2025, estimativas apontam que a cultura por aqui ocupa cerca de
1,85 milhão de hectares, reforçando a dimensão do desafio de produzir mais em
uma área que aumenta devagar e sob estresse climático crescente. É nesse
contexto que Minas Gerais, com 26,1 milhões de sacas estimadas para a safra
atual, tornou-se um laboratório a céu aberto para soluções biotecnológicas.
Com mais de 20 anos de
atuação em biotecnologia, a Superbac consolidou-se como referência em
fertilizantes que combinam nutrientes minerais com um condicionador biológico
de solo, baseado em bactérias selecionadas, a chamada tecnologia SMARTBAC.
Tradicionalmente mais focada em cana-de-açúcar, cereais e hortifrúti, a empresa
passou a olhar o café estrategicamente, especialmente em Minas Gerais, onde o
cultivo é distribuído em polos como Cerrado, Sul, zonas de Matas e Noroeste do
estado.
A companhia vem
inclusive ampliando sua atuação em municípios como Monte Carmelo, Patrocínio,
Patos de Minas, Ibiá, Araguari, Indianópolis e Coromandel, além de Unaí,
Paracatu e Buritis, no Noroeste mineiro, área que reúne algo entre 250 e 300
mil hectares de café, segundo levantamento interno da empresa. “O café é hoje
estratégico para a empresa por três razões principais: pelo peso econômico da
cultura, pela necessidade de grandes volumes de fertilizantes e por uma classe
produtora cada vez mais aberta a tecnologias que unam produtividade e
sustentabilidade”, afirma Fabricio Avila Souza, gerente regional da Superbac.
Resultados no campo
Nas lavouras, o
destaque é a linha de fertilizantes biotecnológicos Supergan, que leva
microrganismos do gênero Bacillus para a zona radicular. Quando aplicado e
encontra umidade e raízes ativas, as bactérias “acordam” e formam um biofilme,
uma espécie de película viva capaz de liberar hormônios naturais, solubilizar
fósforo retido, aumentar a eficiência de nitrogênio e potássio e melhorar a
absorção de micronutrientes. Diferentemente dos adubos puramente minerais, essa
combinação de fração orgânica altamente solúvel com microbiologia ativa reduz o
efeito salino do potássio, diminui a lixiviação, melhora a estrutura física do
solo e aumenta a retenção de água no perfil.
“Nas áreas tratadas,
observa-se mais enraizamento, coloração mais intensa, folhas mais espessas e
ramos com maior carga produtiva”, descreve o profissional da empresa, citando
contrastes visíveis entre talhões que receberam o pacote biotecnológico e áreas
conduzidas apenas com adubação química convencional. A empresa destaca ainda o
efeito na recuperação pós-colheita, com redução da bianualidade, um dos
problemas mais sensíveis do cafeicultor mineiro.
Os primeiros
resultados mais consistentes vêm justamente de regiões de café de alta
tecnologia, como o Cerrado Mineiro e a Campanha Sul de Minas, onde produtores
já adotam manejo de precisão, irrigação em parte das áreas e nutrição baseada
em análise de solo. Em áreas que passaram a utilizar a biotecnologia da
Superbac, foram relatados incrementos produtivos já no primeiro ano de uso,
ganhos em uniformidade das plantas e maior resiliência a períodos de veranico.
Em propriedades que
adotaram essa tecnologia, houve relatados ganhos já no primeiro ano de uso,
acompanhados de melhora na uniformidade das plantas, na qualidade da bebida e
na redução de custos indiretos, graças à menor necessidade de correções
nutricionais e intervenções emergenciais no campo.
Produtividade, solo
vivo e café mais sustentável
Na prática, a
biotecnologia tem sido apresentada aos produtores mineiros como um pacote
tecnológico que atua simultaneamente em três frentes: planta, solo e resultado
econômico. Ao melhorar o aproveitamento de nutrientes, a empresa afirma ser
possível ajustar doses de fertilizantes sem perda de produtividade, o que, em
um ambiente de insumos caros, se traduz em redução de custo por saca produzida.
Ao mesmo tempo, plantas mais equilibradas nutricionalmente tendem a registrar
menor pressão de doenças como ferrugem e cercospora, permitindo, em alguns
casos, racionalizar o uso de defensivos.
Os ganhos ambientais
também começam a ser medidos. Souza cita análises biológicas que indicam maior
atividade microbiana e aumento de matéria orgânica em áreas tratadas, com
potencial de maior retenção de carbono no solo. Isso é indicador que interessa
tanto a programas de sustentabilidade quanto a projetos futuros de crédito de
carbono ligados à cafeicultura. Para o produtor, porém, o que pesa primeiro é o
resultado no talhão: raízes mais profundas, plantas mais vigorosas e ramos
produtivos cheios, mesmo em anos de clima mais desafiador.
A aposta da empresa é
que a biotecnologia deve se tornar um dos pilares da cafeicultura brasileira no
médio prazo, especialmente à medida que aumentam os plantios sobre áreas
antigas, com presença de nematoides e fungos de solo, e crescem as exigências
de mercado por cafés produzidos com protocolos sustentáveis. Estudos citados
por entidades do setor já apontam que compradores internacionais começam a
pagar mais por cafés certificados e com práticas de menor impacto ambiental,
tendência que tende a valorizar projetos que combinem produtividade e
conservação de recursos naturais.
A biotecnologia deixou
de ser “acessório” para assumir papel de eixo no manejo moderno desse grão O
recado ao produtor é claro: quem busca mais produtividade, vigor, sanidade das
plantas, menor bienalidade e melhor qualidade de solo tende a encontrar na
biotecnologia um aliado decisivo. “Se o produtor quer uma lavoura mais
equilibrada, produtiva e preparada para o futuro, precisa experimentar o
potencial da biotecnologia”, afirma o especialista da Superbac.