O caso da comunidade de Piquiá de
Baixo (Maranhão, Brasil) foi tema de estudo e debate no Seminário “Poluição
provocada por instalações siderúrgicas e saúde respiratória” organizado pelo
Istituto dei Tumori de Milão e realizado no dia 1 de março, com significativa
presença de médicos, pesquisadores e estudantes do Instituto.
A técnica de laboratório Carla
Valenti apresentou a metodologia utilizada para o estudo: ao longo de vinte
dias de trabalho, em 2013, foram aplicados 220 exames de espirometria junto a
moradores e moradoras dessa comunidade afetada por atividades de empresas de
mineração e siderurgia, para avaliar a capacidade pulmonar das pessoas e
eventuais consequências provocadas pelas emissões industriais.
A médica pneumologista Alessandra
Busia apresentou o estudo resultante, “Doenças respiratórias e poluição
ambiental causada por empresas siderúrgicas: o caso de Piquiá de Baixo,
Brasil”. Suas conclusões detectaram situações patológicas em 28% das pessoas examinadas,
sendo essas doenças respiratórias de tipo restritivo ou obstrutivo.
Joselma de Oliveira, membro da
Associação Comunitária dos Moradores do Pequiá, participou do encontro
oferecendo seu testemunho: “Há mais de vinte anos estamos denunciando os impactos
da poluição sobre nossa comunidade, mas nossa voz é silenciada ou
desconsiderada. Não há dados consolidados sobre a saúde dos moradores, talvez
porque essas informações viriam a contestar o licenciamento ambiental dessas
empresas. As pesquisas internacionais têm a liberdade e a competência para
demonstrar os verdadeiros impactos da mineração e da siderurgia sobre nossas
vidas”.
Mais informações sobre o caso:
Piquiá de Baixo é um povoado de
cerca 1.100 habitantes, no Estado do Maranhão, onde empresas de mineração e
produção de ferro-gusa e aço operam ao lado das casas há cerca de trinta anos.
Os moradores são vítimas de
doenças respiratórias, aos olhos e à pele, câncer e diversos tipos de
incidentes provocados por atividades industriais que não respeitam medidas de
cuidado com a saúde e a segurança.
Nos últimos dez anos, a
comunidade de Piquiá de Baixo está lutando por imediata reparação, mitigação da
poluição e reassentamento coletivo numa área limpa e em boas condições de
saúde.
Esse é também o objetivo de
Joselma de Oliveira, apoiada pela rede Iglesias y Minería, que está realizando
uma série de encontros na Europa em nome da Associação Comunitária dos
Moradores do Pequiá. Encontrou-se no dia 27 de fevereiro em Genebra (Suíça) com
as equipes dos Procedimentos Especiais das Nações Unidas atuantes nesse caso
desde 2014 e com a Missão Permanente do Brasil à ONU.
Por Dário Bossi
Assessoria de Comunicação
Rede Justiça nos Trilhos
Acesse: www.justicanostrilhos.org
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