Michel Temer cogita trocar o
comando do órgão para apaziguar a crise com Rodrigo Maia, às vésperas da Câmara
votar a 2ª denúncia contra o presidente.
Os próximos dias do presidente
Michel Temer prometem ser turbulentos. Empenhado em barganhar apoio para
enterrar na Câmara a segunda denúncia contra ele por obstrução de Justiça e
organização criminosa, Temer também vive um atrito com um aliado crucial para
seu governo: o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
A crise entre Maia e Temer chegou
ao ápice no último fim de semana e tem como cerne a publicação no site da
Câmara de vídeos da delação de Lúcio Funaro relacionados à segunda denúncia
contra Temer, protocolada por Rodrigo Janot, dias antes de ele deixar a
Procuradoria-Geral da República (PGR).
Os vídeos e os documentos foram
enviados à Câmara pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra
Cármen Lúcia, com ofício expedido no dia 21 de setembro. No dia 29, o conteúdo
foi publicado no site da Câmara, gesto interpretado pelo Planalto como uma
manobra de Maia para se descolar de Temer. Para o Planalto, o foco de Maia são
as eleições de 2018, motivo pelo qual ele vem defendendo em discursos uma nova
agenda política para o país.
No último sábado, 14, a crise se
intensificou após um bate-boca entre Maia e o advogado de Temer, Eduardo
Carnelós. Maia se irritou com uma nota emitida por Carnelós, que criticava a
divulgação do conteúdo no site da Câmara, classificando-a como “vazamentos
criminosos”. O presidente da Câmara respondeu, chamando o advogado de
“incompetente”, em uma entrevista ao jornal Estado de S. Paulo.
Maia também emitiu uma nota se
dizendo perplexo pela “forma absurda” como foi tratado pelo advogado. “Depois
de tudo que fiz pelo presidente, da agenda que construí com ele, de toda defesa
que fiz na primeira denúncia”, disse o presidente da Câmara, em referência à
primeira denúncia da PGR contra Temer, também por obstrução de Justiça e
organização criminosa, enterrada na Câmara em agosto deste ano.
Agora, para solucionar a crise,
Temer avalia trocar o comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES). A ideia é substituir o atual presidente do órgão e amigo de
Temer, Paulo Rabello de Castro, por Luciano Snel, da Icatu Seguros. Maia é
aliado de Snel e, em junho, tentou emplacá-lo como presidente do BNDES. No
entanto, Temer optou por Rabello sem consultar Maia, o que deixou o presidente
da Câmara contrariado. Logo, a troca de comando no BNDES seria uma forma de
Temer apaziguar a relação com Maia em meio ao trâmite da 2ª denúncia da PGR na
Câmara. Auxiliares de Temer afirmam que a troca pode ser feita logo após a
conclusão da votação da denúncia no plenário da Câmara, prevista para o final
deste mês.
Em entrevista ao
Estadão/Broadcast, Maia negou estar pressionando pela troca. “Se o Palácio
quiser trocar, que troque. Não queira colocar na minha conta. Se não fui
consultado na primeira vez, não é agora que vou ser consultado”. Em relação aos
atritos com o Planalto, Maia disse ao jornal que “esse tema está superado”.
Maia também decidiu adiar uma
viagem que faria ao Chile nesta quarta-feira, 18, dia em que a Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara pode votar a denúncia contra Temer. Maia
adiou a viagem para evitar que sua ausência na Câmara neste momento fosse
interpretada como um sinal de distanciamento do Planalto.
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