Apesar da redução anunciada pelo
Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de reduzir a taxa
básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, a 13%, o Brasil se mantém no
primeiro lugar do ranking mundial de juros reais. São 7,93% ao ano, quase o
dobro dos 4,76% na Rússia, a segunda maior taxa entre 40 países, cujos dados
foram compilados por Vieira, da Infinity. O cálculo desconta da taxa básica
vigente a projeção de inflação nos próximos 12 meses.
O último corte nessa proporção
realizado pelo BC ocorreu em abril de 2012, quando a Selic passou de 9,75% para
9%. Nas duas últimas reuniões, em outubro e novembro de 2016, o BC optou por
reduzir os juros em 0,25 ponto. Para economistas, a decisão do Copom pode
incentivar a retomada do crescimento, mas eles ressaltam que as reformas são
essenciais à recuperação da confiança na economia.
Em comunicado, o BC afirmou que
os diretores chegaram a avaliar um corte de 0,50 ponto e sinalizar uma redução
maior para a próxima reunião. “Entretanto, diante do ambiente com expectativas
de inflação ancoradas, o Comitê entende que o atual cenário, com um processo de
desinflação mais disseminado e atividade econômica aquém do esperado, já torna
apropriada a antecipação do ciclo de distensão da política monetária,
permitindo o estabelecimento do novo ritmo de flexibilização”, diz o documento.
“A inflação tem se mostrado mais
favorável, o que pode sinalizar menor persistência no processo inflacionário; e
o processo de aprovação e implementação das reformas e ajustes necessários na
economia pode ocorrer de forma mais célere que o antecipado”, diz o texto. O
comitê entendeu que, diante do cenário atual, a convergência da inflação para a
meta de 4,5% no “horizonte relevante para a condução da política monetária”
(2017 e 2018) “é compatível com a intensificação da flexibilização monetária”.
O corte já era aguardado pelo
mercado, ainda que a maior parte dos analistas esperasse que a Selic passasse a
13,25%. A economista do Santander Tatiana Pinheiro projetava corte de 0,50, mas
acredita que o BC deve replicar a dose de ontem nas próximas reuniões. Se essa
avaliação for percebida pelo restante do mercado nos próximos dias, já será
possível ver um rápido efeito nos juros futuros, que, por sua vez,
influenciarão na queda do custo de financiamento e na retomada da atividade
econômica ainda no primeiro semestre.
— Se o mercado, que esperava até
hoje taxa de 10,25% ao ano, migrar e fechar o dia com uma expectativa de Selic
a 9%, isso já é positivo. Já será marginalmente positivo para a atividade
econômica. O importante da decisão de hoje é o impacto que ela tem nas
expectativas de taxas de juros mais a médio prazo — afirmou Tatiana, que
projeta crescimento de 0,7% este ano.
O GLOBO
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