Desde o episódio envolvendo os
ex-ministros da Cultura, Marcelo Calero e da Secretaria de Governo, Geddel
Vieira Lima, o clima político tem estado bastante tenso.
Alguns outros episódios
contribuíram para que a temperatura política continuasse elevada. A queda no
PIB, a grave situação financeira dos Estados, a discussão sobre o pacote
anticorrupção, as críticas mútuas entre os Poderes Judiciário e Legislativo, a
decisão do Supremo Tribunal Federal de aceitar denúncia contra o presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), entre outros.
Não há, no curtíssimo prazo,
sinais de que a situação mudará. O clima continuará carregado e sujeito a
tensões. Alguns potenciais eventos de desgaste estão no horizonte.
Em primeiro lugar, as gravações
feitas por Calero envolvendo o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, podem
vir a público a qualquer momento. Há grande preocupação no Planalto com seu
conteúdo.
Segundo, a delação de 77
executivos e ex-executivos da Odebrecht, assinada na semana passada, poderia
envolver cerca de 200 políticos, de acordo com informações não oficiais.
A recessão econômica deverá
continuar produzindo efeitos negativos, como desemprego e queda da arrecadação.
A pressão de aliados sobre a equipe econômica já começa a ficar mais evidente.
Todo esse quadro tem gerado
preocupação não apenas no setor produtivo, mas também no mercado financeiro. Em
26 de outubro, o dólar fechou a R$ 3,11. Nessa segunda-feira (5) estava em R$
3,42.
Além das incertezas externas com
a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos, começam a
surgir questionamentos sobre a aprovação do ajuste fiscal.
Apesar de todas as dificuldades,
o presidente Michel Temer continua com apoio político suficiente para manter a
governabilidade e avançar na agenda do ajuste. Mas poderá ser forçado a ter que
fazer algumas mexidas na equipe e melhorar a comunicação.
No curto prazo, a maior
preocupação é com o fato de o governo estar desfalcado. Com Eliseu Padilha
(Casa Civil) afastado por questões de saúde e sem coordenação política após a
demissão de Geddel Vieira Lima, o núcleo palaciano está enfraquecido. Resta
Moreira Franco, habilidoso e multioperador, mas envolvido em sua agenda de
investimentos e privatizações.
Essa situação termina
sobrecarregando o presidente. Mesmo com a equipe completa, o governo já batia
cabeça por falta de uma estratégia consistente fora da agenda em debate no
Congresso.
Para esfriar essa tensão pré-2017,
no Planalto e na direção das duas Casas legislativas há quem defenda a
convocação extraordinária do Congresso dedicada à votação de uma pauta de temas
econômicos.
Seria a maneira de demonstrar que
Executivo e Legislativo só pretendem descansar depois da aprovação de novas
regras econômicas, em cuja lista a reforma da Previdência é a mais importante.
Ela funcionará casada com o teto dos gastos, que será aprovado nos próximos
dias.
Enquanto não ficar claro quem
ocupará a coordenação política e quando Eliseu Padilha retornará ao gabinete, o
Palácio vai funcionar predominantemente para apagar incêndios.
Com ou sem trabalho no recesso, o
fim do ano será dedicado a concluir votações econômicas, iniciar o debate sobre
a retomada do crescimento, encaminhar a sucessão na Câmara e no Senado e
escolher um novo coordenador político.
O governo também deveria procurar
sair do “corner” do noticiário por meio da melhoria de sua estratégia de
comunicação e adotar um cardápio de medidas que possam simplificar a vida do
cidadão e do investidor.
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