Por Josias de Souza.
De manobra em manobra, a
infataria de Eduardo Cunha no Conselho de Ética da Câmara já conseguiu empurrar
para dentro do calendário de 2016 o desfecho do processo sobre a cassação do
seu mandato. Ainda que seja aprovado o parecer que pede a continuidade das
investigações contra Cunha, já não há mais tempo nem mesmo para exigir do
acusado que apresente sua defesa antes do fim de 2015.
Nesta terça-feira, o Conselho de
Ética adiou pela quinta vez a votação que contraria Cunha. O colegiado reúne-se
novamente nesta quarta-feira. Supondo que conseguisse transpor a barreira
protelatória da tropa de Cunha, o Conselho de Ética teria de abrir prazo de dez
dias úteis para a apresentação da defesa do deputado. E só há mais seis dias
úteis disponíveis até o início do recesso parlamentar, marcado para 17 de
dezembro.
“Quando começar o recesso,
teremos de interromper a contagem do prazo”, disse ao blog o presidente do
Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA). “O prazo só volta a
ser contado a partir de 2 de fevereiro de 2016.” Em privado, Cunha celebra o
êxito parcial de sua estratégia enquanto planeja com sua milícia parlamentar as
próximas manobras protelatórias.
O repórter perguntou ao
presidente do Conselho de Ética por que ele não ganha tempo marcando as sessões
do colegiado para o período da manhã, já que é obrigado a encerrar os trabalhos
sempre que Cunha abre a “Ordem do Dia” no plenário. E ele: “Não faço isso
porque não há nenhum plenário disponível. Estão todos ocupados pelas comissões
permanentes da Câmara.” Cunha desmente Araújo. Afirma que há, sim, espaço
disponível na Câmara pela manhã.
Quer dizer: o Conselho de Ética
não tem razões para reclamar do cinismo de Eduardo Cunha. Quando alguém faz de
bobos os membros de um grupo de parlamentares experientes é porque encontrou
material. A sessão desta quarta-feira começa às 13h30.
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