Na última semana, durante a 2ª
edição da Feira da Agricultura Familiar e Agrotecnologia do Maranhão (Agritec),
o Secretário de Agricultura Familiar do estado, Adelmo Soares, discursou sobre
os incentivos garantidos aos pequenos produtores para estimular a produção
agrícola, principalmente na Região dos Cocais, território esse composto por 17
municípios, com uma população total de cerca de 750 mil habitantes, dos quais
30% vivem em áreas rurais (11.739 famílias assentadas), segundo o Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA). Inseridos nesse cenário, estão os cultivares
biofortificados desenvolvidos pela Embrapa, que vêm sendo cada vez mais
procurados pela população de agricultores familiares por possuírem maiores
teores de ferro, zinco e pró-vitamina A obtidos a partir de cruzamento
convencional, além de maior capacidade produtiva.
“O Maranhão vai
abraçar mais ainda os cultivos biofortificados. Temos noventa técnicos atuando
nos municípios com menor índice de desenvolvimento humano eles estão sendo
capacitados para realizarem de modo eficaz a distribuição dessas cultivares,
para espalharmos por todo o Maranhão. Nós acreditamos muito na força dos
biofortificados para combater a fome oculta e elevar a produção, desse modo
melhorando a qualidade de vida da população, que necessita prontamente desse
apoio.” Foram as palavras do secretário Adelmo Soares, após apresentar a
cultivar BRS Aracê (feijão-caupi verde) para um auditório lotado de
extensionistas.
Como parte das
atividades ligadas ao reforço na agricultura familiar, o analista da Embrapa
Meio-Norte, Marcos Jacob, visitou assentamentos ao redor de Caxias-MA (muitos
quilombolas) para avaliar os sistemas de irrigação, assim como outras
necessidades agronômicas, fertilidade de solo e tamanho de área de plantio. A
expectativa é que esses agricultores também venham a plantar variedades
biofortificadas, em breve.
As culturas
biofortificadas farão parte das ações de programas públicos como o Procaf
(Programa de Compra da Agricultura Familiar), que permite ao governo comprar
30% dos produtos da agricultura familiar para o abastecimento de presídios,
hospitais, escolas e outras instituições. O PAA (Programa de Aquisição de
Alimentos) também será peça fundamental no acesso a esses produtos, obtendo de
acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o
dobro de financiamento atual. “Esse conjunto de esforços será muito importante
para atingirmos nossos objetivos com o Mais IDH, que visa, a partir de 23
projetos, elevar os indicadores sociais nos 30 municípios do estado ainda
pertencentes aos 100 IDHs mais baixos do país.” Conclui o secretário.
Onias de Santana,
agricultor do município de Codó-MA, participou da Agritec junto de um stand
contendo suas variedades biofortificadas, onde pôde falar sobre sua experiência
de produção. “Atualmente venho plantando a batata-doce, o feijão-caupi e o
milho. As minhas manivas de macaxeira estão produzindo bem e eu espero
para o ano poder ter material suficiente para abastecer a cidade de Codó
todinha, semelhante ao que eu alcancei nas colheitas de batata-doce, as quais
me permitiram abastecer o estado do Maranhão todo.”
O trabalho de
biofortificação no Brasil é realizado pela Rede BioFORT, cuja líder é a
pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Marília Nutti. Todos os
esforços em ampliar a biofortificação visam o combate à fome oculta, que é o
termo utilizado para designar a carência de micronutrientes no organismo de uma
pessoa. Esse tipo de deficiência assola uma em cada três pessoas no mundo.
Segundo dados da
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, 2013), 48%
das crianças no mundo com menos de cinco anos de idade apresentam anemia
(deficiência de ferro) e 30% possuem deficiência em vitamina A. No Brasil, os
números também são altos, tendo 55% das crianças com menos de cinco anos de
idade apresentando deficiência de ferro e 13% com deficiência em vitamina A.
Essa ausência crucial de micronutrientes no organismo pode provocar uma
evolução em sintomas como cegueira noturna, anemia e diarreia, levando até ao
falecimento de indivíduos, principalmente crianças, frente a esse quadro de
fome oculta.
GOVERNO DO ESTADO DO MARANHÃO
SECRETARIA DE ESTADO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL- SECOM
FONTE: SAF/ EMBRAPA TEXTO: Raphael
Santos/ Claudilene Maia.
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