A estatal russa RZD, uma das
maiores companhias ferroviárias do mundo, conversa com o governo brasileiro
sobre a possibilidade de entrar na concessão da ferrovia Norte-Sul. Nas últimas
semanas, os russos solicitaram uma série de informações técnicas sobre o
empreendimento à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e, segundo
apurou o jornal O Estado de S. Paulo, há previsão de que uma comitiva da
estatal russa venha ao Brasil até dezembro para tratar do projeto.
O plano do governo brasileiro é
oferecer, por meio de leilão, o trecho de 855 km da Norte-Sul que já está
concluído, entre as cidades de Palmas (TO) e Anápolis (GO). Como contrapartida,
a empresa vencedora assumiria a construção de um trecho final da Norte-Sul,
previsto para chegar ao Atlântico. São 477 quilômetros de traçado, entre
Açailândia, no Maranhão, e o porto de Barcarena, no Pará.
A obra é estimada em cerca de R$
7,8 bilhões. Para bancar boa parte desse empreendimento, representantes da RZD
e do governo brasileiro analisam a possibilidade usar recursos do recém-criado
"Novo Banco de Desenvolvimento (NBD)". A instituição financeira
montada pelos cinco países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul) começou a operar no fim de julho, com sede na cidade chinesa de Xangai.
As informações foram confirmadas
pelo diretor-geral da ANTT, Jorge Bastos. "Há, de fato, um protocolo de
entendimentos em andamento com os russos. A estatal RZD tem demonstrado
interesse nos projetos brasileiros de ferrovias."
Saída
A decisão de condicionar a
entrega do trecho central da Norte-Sul à construção de um novo traçado da
ferrovia foi a saída encontrada pelo governo para viabilizar uma concessão que
acabou frustrada três anos atrás. Quando o governo anunciou sua primeira rodada
de concessões, em agosto de 2012, o projeto de ligar Açailândia ao porto de
Barcarena foi o primeiro empreendimento ferroviário a ser oferecido para a iniciativa
privada. Mas não agradou.
Apesar de não ser uma malha tão
extensa quanto os demais projetos ferroviários do País, tratava-se de abrir um
projeto do zero, em uma região de alta complexidade ambiental. Além disso,
pesou nessa avaliação a insegurança quanto ao modelo de sociedade proposto com
a estatal federal Valec.
Ao perceber que não conseguiria
atrair nenhum interessado, o governo desistiu da ideia e nem chegou a marcar
seu leilão. Desde então, nenhum metro dos 11 mil km de estradas de ferro que entraram
no programa de concessão foi, de fato, repassado para a iniciativa privada.
Ao lado dos russos, os chineses
também sinalizaram interesse nos empreendimentos, com maior atenção ao projeto
da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), que corta a região de grãos
do Mato Grosso e se interliga à malha da Norte-Sul. Apesar das movimentações
internacionais, não há hoje uma previsão sobre quando o governo fará o leilão
das ferrovias.
Sem comentários:
Enviar um comentário
obrigado pela sua participação grato
por sua visita!...e fique a vontade para opinar.